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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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esperanças de que dá mostras. E, pelo contrário, entristeço-me com a sua maldade,<br />

quando a ouço censurar o que ignoro ou o que é bom.<br />

Algumas vezes também me contristo com os louvores que me dirigem, quando<br />

enaltecem em mim coisas que me desagradam, ou quando apreciam bens somenos e<br />

transitórios, com maior estima do que merecem. Mas, repito de novo, como hei de eu<br />

saber se este sentimento me aflige por causa de eu não querer que o meu admirador pense<br />

a meu respeito de modo diverso do que eu penso?<br />

Será, não porque me deixe arrastar pelo valor e utilidade desse meu admirador,<br />

mas porque aqueles bens que em mim me agradam me são mais saborosos quando<br />

agradam também aos outros? De certo modo, não sou louvado quando a minha opinião,<br />

a meu respeito, não é elogiada, porque ou enchem de encômios as coisas que me<br />

desagradam, ou louvam ainda mais as coisas que menos me comprazem. Sobre este ponto<br />

não sou eu um enigma para comigo mesmo?<br />

62. Em Vós, ó Verdade, vejo que não é por causa de mim, mas por utilidade do<br />

próximo que me devo sensibilizar com os louvores que me dirigem. Se é este ou não o<br />

meu caso, ignoro-o. Nesta questão, conheço-Vos melhor a Vós do que a mim mesmo.<br />

Peço-Vos, meu Deus, que me mostreis as feridas que em mim encontrava para que<br />

as manifeste aos meus irmãos, dispostos a orar por mim. Fazei que me examine ainda<br />

mais diligentemente.<br />

Se nos louvores que me tributam tenho em vista a utilidade do próximo, qual é a<br />

razão por que, ao ser outro injustamente vituperado, me sensibilizo menos do que se essa<br />

injúria me fosse dirigida a mim? Por que é que a mordedura dum ultraje que me fere me é<br />

mais sensível do que a injúria igualmente injusta, arremessada a outro, na minha presença?<br />

Ignoro eu isto?<br />

Deduzirei ainda que me engano a mim mesmo e corrompo a verdade diante de<br />

Vós no meu coração e na minha língua? Afastai, Senhor, para longe de mim esta loucura,<br />

para que as minhas palavras não sejam azeite de pecador a ungir a minha cabeça.

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