19.04.2013 Views

07 – Santo Agostinho - Charlezine

07 – Santo Agostinho - Charlezine

07 – Santo Agostinho - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sem sinais, Deus e a natureza não apresentam e mostram por si mesmos, a quem os<br />

observa, o sol e a luz, que tudo invade e veste, a lua e as estrelas, a terra e os mares e os<br />

inumeráveis seres, que neles são gerados? Mas, se considerarmos isto com maior atenção,<br />

talvez não encontres nada que se possa aprender pelos seus próprios sinais. Com efeito,<br />

se me for apresentado um sinal e eu me encontrar na condição de não saber de que coisa<br />

é sinal, este nada poderá ensinar-me; se, ao contrário, já sei de que é sinal, que aprendo<br />

por meio dele? Assim, quando leio "Et saraballae eorum non sunt immutatae 14" (E as suas<br />

coifas não foram deterioradas), a palavra (coifas) não me mostra a coisa que significa. Pois<br />

se certos objetos que servem para cobrir a cabeça se chamam com este nome de<br />

"saraballae " (coifas), porventura, depois de ouvi-lo, aprendi o que é cabeça e o que é<br />

cobertura? Eu, ao contrário, já antes conhecia estas coisas, delas adquiri conhecimento<br />

sem que as ouvisse chamar assim por outrem, mas vendo-as com os meus próprios olhos.<br />

Quando as duas sílabas com que dizemos "caput" (cabeça) repercutiram pela primeira vez<br />

no meu ouvido, sabia tão pouco o que significavam como quando ouvi e li pela primeira<br />

vez "saraballae". Porém, ouvindo muitas vezes dizer "caput" (cabeça) e notando e<br />

observando a palavra quando era pronunciada, reparei facilmente que ela denotava aquela<br />

coisa que, por tê-la visto, a mim já era conhecidíssima. Mas antes de achar isto, aquela<br />

palavra era para mim apenas um som, e aprendi que ela era um sinal quando encontrei<br />

aquilo de que era sinal, o que aprendi não pelo significado, mas pela visão direta do<br />

objeto. Portanto, mais através do conhecimento da coisa se aprende o sinal do que se<br />

aprende a coisa depois de ter o sinal.<br />

Para que compreendas isto mais clara- mente, imagina nós estarmos ouvindo neste<br />

momento, pela primeira vez, pronunciar a palavra "caput" (cabeça), e que, por não<br />

sabermos se esta voz é só um som ou se quer também significar algo, começaremos a<br />

procurar o que é "caput" (cabeça). (Lembra-te que nós queremos ter conhecimento não da<br />

coisa que é significada, mas do próprio sinal, conhecimento que nós não temos enquanto<br />

ignorarmos de que coisa é sinal.) Se a nós, que estamos fazendo esta pesquisa, fosse<br />

mostrada ou apontada com o dedo a própria coisa, então, depois de vê-la, temos<br />

conhecimento do sinal; isto é, sabemos o que quer dizer aquele sinal, que antes apenas<br />

tínhamos ouvido, mas não compreendido. Nesse sinal há duas coisas: o som e o<br />

significado; ora, o som não foi certamente percebido como sinal de algo, mas como<br />

14 Dan 3, 94.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!