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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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LIVRO II<br />

OS PECADOS DA ADOLESCÊNCIA<br />

I — A adolescência (1-3).<br />

II — O prazer de praticar o mal (4-10).<br />

1<br />

Desordens da juventude<br />

1. Quero recordar as minhas torpezas passadas e as depravações carnais da minha<br />

alma, não porque as ame, mas para Vos amar, ó meu Deus. É por amor do vosso amor<br />

que, amargamente, chamo à memória os caminhos viciosos, para que me dulcifiqueis, ó<br />

doçura que não engana, doçura feliz e firme. Concentro-me, livre da dispersão, em que<br />

me dissipei e me reduzi ao nada, afastando-me de vossa unidade para inúmeras bagatelas.<br />

Quantas vezes, na adolescência, ardi em desejos de me satisfazer em prazeres<br />

infernais, ousando até entregar-me a vários e tenebrosos amores ! A minha beleza<br />

definhou-se e apodreci a vossos olhos, por buscar a complacência própria e desejar ser<br />

agradável aos olhos dos homens 65.<br />

2<br />

Sob a ação da carne<br />

2. Que coisa me deleitava senão amar e ser amado? Mas, nas relações de alma para<br />

alma, não me continha a moderação, conforme o limite luminoso da amizade, visto que,<br />

da lodosa concupiscência da minha carne e do borbulhar da juventude, exalavam-se<br />

vapores que me enevoavam e ofuscavam o coração, a ponto de não se distinguir o amor<br />

sereno do prazer tenebroso. Um e outro ardiam confusamente em mim. Arrebatavam a<br />

minha débil idade despenhadeiros das paixões e submergiam-se num abismo de vícios.<br />

Sem eu saber, a vossa ira tinha-se robustecido sobre mim. Ensurdeci com o ruído da<br />

cadeia da minha mortalidade, em castigo da soberba de minha alma.<br />

65 Nesta altura da narrativa, <strong>Agostinho</strong> era estudante em Madaura, onde seus olhos ávidos de adolescente contemplaram estátuas romanas<br />

e templos de pórticos coríntios. Desta cidade era natural Apuleio. orador, taumaturgo e filósofo, a quem os concidadãos ergueram uma<br />

estátua. (N. do T.)

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