01.05.2013 Views

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

156<br />

ACÓRDÃOS<br />

deve ser negativa; não se atribui a ela – ou a outra emenda qualquer – tal<br />

autoridade. Para tal conclusão, parte-se de uma premissa básica: o poder constituinte<br />

deriva<strong>do</strong>, diferentemente <strong>do</strong> originário, esbarra em limitações temporais<br />

implícitas. Isso porque, quan<strong>do</strong> se instala uma nova assembléia constituinte, os<br />

poderes a ela inerentes são ilimita<strong>do</strong>s e acena-se para uma completa ruptura<br />

com o sistema primitivo, inauguran<strong>do</strong> uma nova ordem constitucional.<br />

Para ALEXANDRE DE MORAES, 7<br />

[...] Poder Constituinte originário estabelece a Constituição de um novo<br />

Esta<strong>do</strong>, organizan<strong>do</strong>-o e crian<strong>do</strong> os poderes destina<strong>do</strong>s a reger os interesses<br />

de uma comunidade. [...] A idéia da existência de um Poder<br />

Constituinte é o suporte lógico de uma Constituição superior ao restante<br />

<strong>do</strong> ordenamento jurídico e que, em regra, não poderá ser modificada<br />

pelos poderes constituí<strong>do</strong>s. É, pois, esse Poder Constituinte,<br />

distinto, anterior e fonte da autoridade <strong>do</strong>s poderes constituí<strong>do</strong>s, com<br />

eles não se confundin<strong>do</strong>.<br />

CARLOS AYRES BRITTO 8 segue a mesma trilha e afirma:<br />

Os atos de reforma da Constituição (quantas vezes o dissemos?),<br />

se em normas constitucionais se traduzem, deixam, no entanto,<br />

de se apresentar à ciência <strong>do</strong> Direito como produzi<strong>do</strong>s por um poder<br />

de fato ou supra-estatal ou suprapositivo, que é a natureza <strong>do</strong> verdadeiro<br />

Poder Constituinte. E não sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s por um poder assim<br />

virginalmente fático, são atos normativos que não têm a menor<br />

ensancha de livremente dispor sobre o seu regime jurídico. Seja<br />

quanto a sua forma de elaboração, seja quanto ao seu conteú<strong>do</strong> e<br />

respectivo grau de eficácia.<br />

[...]<br />

O regime jurídico <strong>do</strong>s atos de reforma da Constituição é um molde<br />

que a própria Constituição prepara. E como to<strong>do</strong> molde, toda fôrma,<br />

to<strong>do</strong> figurino, antecede aquilo a que se destina moldar, formar recortar.<br />

O objeto ou a coisa a moldar é sempre um conseqüente, um a<br />

posteriori, enquanto o molde só pode ser concebi<strong>do</strong> como um antecedente,<br />

um a priori. Há um só molde, à espera de que, por ele, múltiplos<br />

objetos sejam molda<strong>do</strong>s. Do que se deduz que nenhum <strong>do</strong>s objetos a<br />

sair <strong>do</strong> molde possa dar a si mesmo o próprio molde. Repetin<strong>do</strong>: o objeto<br />

a sair <strong>do</strong> molde não pode plasmar o molde de que vai sair.<br />

A Constituição inicial, esta, sim, é que não tem molde ou forma<br />

7 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 14.ed., São Paulo: Atlas, 2003, p.55.<br />

8 BRITTO, Carlos Ayres. Teoria da Constituição. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Forense, 2003. p.139-40.<br />

Rev. <strong>do</strong> TRE/RS, Porto Alegre, v.12, n.24, jan./jun. 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!