01.05.2013 Views

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

158<br />

ACÓRDÃOS<br />

perficial. A análise <strong>do</strong> efêmero e <strong>do</strong> volátil sobre o permanente e o<br />

essencial.<br />

[...]<br />

Outra característica desses tempos tem si<strong>do</strong> o pragmatismo<br />

interpretativo, antes ideológico que científico, que se nutre da paranóia<br />

<strong>do</strong> horror econômico e da hegemonia <strong>do</strong> pensamento único. Nessa<br />

variante, princípios constitucionais volta<strong>do</strong>s para a segurança jurídica<br />

– como o respeito aos direitos adquiri<strong>do</strong>s, os direitos de igualdade<br />

e o devi<strong>do</strong> processo legal – são trata<strong>do</strong>s como estorvos reacionários.<br />

Não se teme o horror jurídico. Os tempos não parecem estar para<br />

miudezas como pessoas, seus sonhos, seus projetos e suas legítimas<br />

expectativas.<br />

O fato é que a hermenêutica pouco a pouco passou a ser tratada com desinteresse,<br />

sacrifican<strong>do</strong> a harmonia e a coerência das normas constitucionais.<br />

Coerência esta que, para MARIA HELENA DINIZ 10 , deveria servir de norte interpretativo,<br />

a bem de não se criarem situações insustentáveis diante da ordem jurídica<br />

no seu to<strong>do</strong>. Explica a autora:<br />

O sistema jurídico deverá, teoricamente, formar um to<strong>do</strong> coerente,<br />

deven<strong>do</strong>, por isso, excluir qualquer contradição lógica nas asserções<br />

feitas pelo jurista elabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sistema, sobre as normas,<br />

para assegurar sua homogeneidade e garantir a segurança na aplicação<br />

<strong>do</strong> direito.<br />

[...]<br />

A solução de antinomias é imprescindível para manter a coerência<br />

<strong>do</strong> sistema jurídico, visto que, como nos ensina Paul Foriers, “a<br />

afirmação num sistema jurídico de duas normas contraditórias acarreta,<br />

necessariamente, a incoerência desse sistema e, portanto, o seu<br />

desaparecimento”.<br />

É relevante anotar que, quan<strong>do</strong> da elaboração da atual Carta Política, a<br />

par <strong>do</strong> poder ilimita<strong>do</strong> da assembléia instalada, tomou-se o cuida<strong>do</strong> de estabelecer<br />

regras de transição, a fim de evitar ou minimizar os conflitos que surgiriam<br />

com o novo Esta<strong>do</strong>, preocupação esta não identificada nos atos <strong>do</strong> constituinte<br />

reforma<strong>do</strong>r.<br />

Inobstante, o só fato de não ser a<strong>do</strong>tada qualquer precaução quan<strong>do</strong> da<br />

edição da EC n. 41, certamente não justifica a sua aplicação sem harmonizá-la<br />

com a lógica prevista no to<strong>do</strong> constitucional, em particular em razão das regras<br />

10 DINIZ, Maria Helena Diniz. Conflito de Normas. São Paulo: Saraiva, 1987. p.16-18.<br />

Rev. <strong>do</strong> TRE/RS, Porto Alegre, v.12, n.24, jan./jun. 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!