01.05.2013 Views

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PARECERES<br />

<strong>do</strong> processo de interdição n. 03610500024423, da 1ª Vara Judicial de Soledade.<br />

É difícil não se sensibilizar com o pleito. Do ponto de vista humano parecem<br />

convincentes os argumentos expostos na inicial, de que o exercício <strong>do</strong><br />

voto podem de certa forma auxiliar F. B. a se sentir mais inseri<strong>do</strong> no meio social.<br />

Num primeiro momento quem avalia o caso concreto sente-se tenta<strong>do</strong> a pensar<br />

que seria de exagera<strong>do</strong> rigor aplicar literalmente as conseqüências da interdição<br />

à pessoa porta<strong>do</strong>ra de deficiência que bem poderia exercer o voto, sem<br />

qualquer prejuízo à sua saúde mental.<br />

E é correta a premissa da inicial de que é <strong>do</strong> interesse da sociedade e que<br />

não só a Justiça, mas o Esta<strong>do</strong> como um to<strong>do</strong>, estimule medidas que permitam<br />

ao porta<strong>do</strong>r de necessidades especiais maior facilidade para o convívio social.<br />

É de imaginar o quanto isso deve afetar a família, tanto que resolveu buscar<br />

solução judicial para resolver a questão, o que, sabe-se, não é comum para<br />

pessoas de origem humilde como parece ser a família <strong>do</strong> requerente (cf. fl. 06).<br />

Portanto, se dependesse apenas de boa vontade, não haveria por que se<br />

recusar o exercício <strong>do</strong> voto ao requerente. O problema é que não é apenas<br />

disso que se trata. O ato jurídico de votar tem conseqüências e demanda responsabilidade<br />

da pessoa que vota.<br />

O exercício <strong>do</strong> voto envolve práticas que podem validar ou invalidar o ato,<br />

desencadear em eventual prática de crime e – até - anular a eleição. Lembro<br />

que a compra de um voto tem aptidão para cassar o mandato de candidato<br />

eleito. Sem se falar que – embora raro – pode acontecer de um voto decidir uma<br />

eleição, como já ocorreu em alguns pleitos.<br />

Justamente por isso o eleitor deve ser responsável. É por conta disso que<br />

o legisla<strong>do</strong>r excluiu o absolutamente incapaz <strong>do</strong> processo eleitoral, já que não<br />

se pode exigir dele responsabilidade. O analfabeto, conquanto esteja limita<strong>do</strong><br />

culturalmente, é capaz – e responsável por seus atos.<br />

Esse é o quadro. Não se trata de frieza e indiferença à situação <strong>do</strong> requerente<br />

que, insisto, evidentemente sensibiliza qualquer pessoa que examine o<br />

pedi<strong>do</strong> aqui feito. Mas de inviabilidade jurídica, a meu ver intransponível.<br />

Uma saída seria obter uma relativização da incapacidade <strong>do</strong> requerente,<br />

no procedimento próprio. O que me parece completamente inviável é restaurar<br />

os direitos políticos – com todas as suas conseqüências, a pessoa que permanece<br />

absolutamente incapaz. Não se trata de aplicar friamente a regra constitucional<br />

prevista no artigo 15, II da Constituição, mas de entender que a razão de<br />

ser desse dispositivo inviabiliza o pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> nestes autos.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, deve ser desprovi<strong>do</strong> o presente recurso, a fim de que seja<br />

Rev. <strong>do</strong> TRE/RS, Porto Alegre, v.12, n.24, jan./jun. 2007 213

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!