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REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...

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50<br />

ACÓRDÃOS<br />

A propósito, o Ministro César Asfor Rocha, <strong>do</strong> TSE, em decisão monocrática<br />

7 , manteve a cassação <strong>do</strong> mandato da verea<strong>do</strong>ra Jussara Osório, com<br />

base no seguinte argumento:<br />

Como já referi, a prova carreada ao bojo <strong>do</strong>s autos é precisa no<br />

senti<strong>do</strong> de que a recorrente Jussara pelo menos anuiu com o transporte<br />

de eleitores por seu irmão e cabo eleitoral, em veículo da empresa<br />

<strong>do</strong> próprio mari<strong>do</strong>, repleto de propaganda eleitoral. Não há dúvidas<br />

de que sabia o que estava ocorren<strong>do</strong>. O art. 41-A veda a concessão<br />

de qualquer vantagem a eleitor em troca de voto. No caso, a combinação<br />

de transporte aos locais de votação e retorno às moradias inserese<br />

em tal proibição.<br />

Mo<strong>do</strong> conseqüente, para a configuração <strong>do</strong> art. 41-A, suficiente que o<br />

interessa<strong>do</strong> haja participa<strong>do</strong> de qualquer forma na conduta ilícita ou com ela<br />

consenti<strong>do</strong>. E bem assim entendeu o TSE, em recente pronunciamento, o que<br />

7 TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Recurso Especial <strong>Eleitoral</strong> n. 25.886. Rel. Min. Francisco Cesar Asfor Rocha. 17.04.07.<br />

Trata-se de recurso especial interposto com fundamento nos arts. 276, I, “a” e “b”, <strong>do</strong> CE, e 121, § 4º, I e II, da CF, contra<br />

acórdão <strong>do</strong> TRE/RS assim ementa<strong>do</strong> (fl. 121): “Recurso. Investigação Judicial. Decisão que julgou improcedente representação<br />

por infringência <strong>do</strong> art. 41-A da Lei n. 9.504/97. Demonstrada, pela prova carreada ao bojo <strong>do</strong>s autos, a ocorrência de<br />

transporte de eleitores com a finalidade de obtenção de votos, constituin<strong>do</strong> captação ilegal de sufrágio. Provimento parcial,<br />

para cassar o diploma da representada candidata e aplicar multa a cada um <strong>do</strong>s recorri<strong>do</strong>s. Desacolhida a pretensão recursal<br />

de decretação de inelegibilidade, uma vez que o art. 41-A não contém tal previsão”. Opostos embargos de declaração,<br />

foram eles provi<strong>do</strong>s parcialmente, ¿(...) exclusivamente para determinar a correspondência em reais <strong>do</strong> valor da pena<br />

aplicada em UFIRs” (fl. 148). Nas razões de recurso, os recorrentes alegam que a decisão da Corte a quo afrontou o art. 41-<br />

A da Lei n. 9.504/97, bem como divergiu da orientação jurisprudencial <strong>do</strong> TSE, uma vez que, para configurar a captação<br />

ilícita de sufrágio, seria indispensável a demonstração da efetiva participação ou anuência direta por parte <strong>do</strong> candidato, o<br />

que não teria ocorri<strong>do</strong> no caso <strong>do</strong>s autos. Sustentam que deve ser levada em consideração a posição tomada no voto<br />

venci<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> de que “(...) o tipo infracional descrito exige a demonstração e prova concludente de que a conduta<br />

descrita foi praticada com o fim de obter voto <strong>do</strong> eleitor, não bastan<strong>do</strong> ser provável tal intenção para que seja cassa<strong>do</strong> o<br />

diploma de quem se elegeu por representativa vontade popular” (fl. 162), afirman<strong>do</strong>, por fim, não se tratar de reexame de<br />

provas. O presente recurso somente foi admiti<strong>do</strong> pela alínea “b” <strong>do</strong> inciso I <strong>do</strong> art. 276 <strong>do</strong> CE. Por ocasião <strong>do</strong> despacho de<br />

admissibilidade, foi ainda conferi<strong>do</strong> efeito suspensivo ao recurso especial, com supedâneo nos seguintes precedentes deste<br />

<strong>Tribunal</strong>: MC nos 1.671/RN e 1.024/PI. Contra-razões às fls. 227-231. A <strong>do</strong>uta Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>Eleitoral</strong> opinou pelo<br />

conhecimento e não-provimento <strong>do</strong> recurso (fls. 235-238). O acórdão regional, analisan<strong>do</strong> os fatos e provas <strong>do</strong> caso em<br />

exame, assentou estar configurada a prática de captação ilícita de sufrágio pelos recorrentes. Colho <strong>do</strong> que foi consigna<strong>do</strong><br />

no acórdão impugna<strong>do</strong>, fls. 127-130: “Através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos e depoimentos carrea<strong>do</strong>s aos autos, tem-se configurada<br />

situação prevista no art. 41-A da Lei n. 9.504/97 (...). Restou demonstra<strong>do</strong> o transporte de eleitores com a finalidade de<br />

obtenção de votos, constituin<strong>do</strong> captação ilegal de sufrágio. A preocupação, e o art. 41-A decorreu de iniciativa popular, é<br />

com a lisura <strong>do</strong> pleito. Tal dispositivo veda a concessão de qualquer vantagem a eleitor - ¿vantagem pessoal de qualquer<br />

natureza¿ - com o objetivo de conquistar o seu voto. [...]. Para decidir diferentemente <strong>do</strong> que foi assenta<strong>do</strong> no voto vence<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> acórdão recorri<strong>do</strong>, que entendeu estar configurada a captação ilícita de sufrágio com base em <strong>do</strong>cumentos e depoimentos<br />

colhi<strong>do</strong>s, seria necessário o reexame de fatos e provas, veda<strong>do</strong> nesta instância, a teor <strong>do</strong>s Enuncia<strong>do</strong>s Sumulares nos<br />

7/STJ e 279/STF. Quanto ao dissídio jurisprudencial, não vislumbro a sua ocorrência, pois ausente a similitude fática entre<br />

a situação <strong>do</strong>s autos e a <strong>do</strong>s acórdãos trazi<strong>do</strong>s a confronto. Enquanto nos paradigmas asseverou-se que se faz necessário<br />

o expresso pedi<strong>do</strong> de voto pelo candidato, para ficar caracteriza<strong>do</strong> o ilícito eleitoral, o decisum recorri<strong>do</strong> entendeu pela<br />

existência de infringência <strong>do</strong> disposto no art. 41-A da Lei n. 9.504/97, com base em demonstração da ocorrência de transporte<br />

de eleitores com a finalidade de obtenção de votos. Com o julgamento <strong>do</strong> recurso fica revoga<strong>do</strong> o efeito suspensivo<br />

concedi<strong>do</strong> na instância a qua. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso nos termos <strong>do</strong> art. 36, § 6º, <strong>do</strong> RITSE. P. I. Brasília,<br />

17 de abril de 2007. MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA RELATOR. In: Diário de Justiça da União, Brasília, DF, p.132, 23<br />

abr. 2007. Seção 1.<br />

Rev. <strong>do</strong> TRE/RS, Porto Alegre, v.12, n.24, jan./jun. 2007

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