REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...
REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...
REVISTA N. 24.p65 - Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
192<br />
ACÓRDÃOS<br />
dentro <strong>do</strong> processo para o qual foi trasladada, deve passar pelo exame das<br />
partes. 5<br />
Conforme bem decidi<strong>do</strong> pela sentença atacada, tenho que os procedimentos<br />
preparatórios utiliza<strong>do</strong>s como prova emprestada no âmbito deste processo<br />
foram suficientemente expostos ao recorrente, mormente consideran<strong>do</strong>-se o fato<br />
de que, mesmo ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> refeita a instrução, com a reinquirição das testemunhas<br />
arroladas e referidas, nenhum outro <strong>do</strong>cumento foi junta<strong>do</strong> ao feito.<br />
O procedimento investigatório, a ação cautelar de busca e apreensão e o<br />
processo relativo à quebra <strong>do</strong> sigilo telefônico, objetos da insurgência <strong>do</strong> recorrente,<br />
encontram-se apensa<strong>do</strong>s ao presente processo (apensos 1 e 2). Assim,<br />
tinha ele o pleno conhecimento das provas trazidas aos autos pela acusação,<br />
poden<strong>do</strong> levantar, oportunamente, todas as questões relativas ao conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
conjunto probatório, sen<strong>do</strong> descabida a alegação de cerceamento de defesa.<br />
Ademais, “o infrator não pode exigir prévia ciência de estar sen<strong>do</strong> objeto<br />
de investigação” (TRE-RS, RREP Cl. 16, n. 6782004 6 , relator Dr. Almir Porto da<br />
Rocha Filho).<br />
Percebe-se, <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> da sentença, que o nobre julga<strong>do</strong>r de primeiro<br />
grau considerou to<strong>do</strong> o conjunto probatório colhi<strong>do</strong> durante a instrução processual,<br />
valoran<strong>do</strong> as provas existentes nos autos e conjugan<strong>do</strong> seu conteú<strong>do</strong> juntamente<br />
com os depoimentos colhi<strong>do</strong>s em audiência e demais elementos de<br />
convicção, demonstran<strong>do</strong> que a prova emprestada foi considerada em caráter<br />
adminicular, na linha de entendimento <strong>do</strong> STF (HC 72295 7 , rel. Min. Octávio<br />
Gallotti).<br />
A partir da alegação de nulidade da prova emprestada, o recorrente aduz<br />
a preliminar de nulidade <strong>do</strong> processo, em razão da não-observância <strong>do</strong> procedimento<br />
legal previsto para a representação eleitoral.<br />
Especificamente em relação às interceptações telefônicas, o recorrente<br />
busca desconstituir a prova, afirman<strong>do</strong> que as degravações coletadas não foram<br />
utilizadas para apurar o delito <strong>do</strong> art. 299 <strong>do</strong> Código <strong>Eleitoral</strong>, e sim a cap-<br />
5 TOURINHO FILHO, Fernan<strong>do</strong> da Costa. Processo Penal. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p.225.<br />
6 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL. Recurso n. 6782004. Classe 16. Rel. Dr. Almir Porto da<br />
Rocha Filho. 17.12.04. Recurso. Conduta vedada. Oferta de vantagem em troca de votos (art. 41-A da Lei n. 9.504/97).<br />
Superação <strong>do</strong> argumento defensivo atinente à ilicitude da prova. O infrator não pode exigir prévia ciência de estar sen<strong>do</strong><br />
objeto de investigação. Materialidade demonstrada pelo <strong>do</strong>cumento de agendamento de consulta, acompanha<strong>do</strong> de santinho.<br />
Autoria evidenciada por prova testemunhal coesa. Para configuração <strong>do</strong> ilícito não é necessária a identificação <strong>do</strong>s eleitores<br />
beneficia<strong>do</strong>s pelas vantagens. Caracterizada captação ilegal de sufrágio na conduta de fornecimento de consultas<br />
oftalmológicas, gratuitas ou com desconto, em troca de votos (art. 41-A da Lei n. 9.504/97). Provimento. In: Diário de<br />
Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Porto Alegre, RS, v.105, T.21, p.103, 04 fev. 2005.<br />
7 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Habeas Corpus n. 72.295. Rel. Min. Octavio Gallotti. 22.08.95. - Prova dita emprestada,<br />
mas somente considerada em caráter adminicular. Denuncia superada pela prolação da sentença condenatória, além de<br />
formulada em termos compatíveis com a imputação de crime coletivo. Habeas corpus indeferi<strong>do</strong>. In: Diário de Justiça da<br />
União, Brasília, DF, p.36332, 27 out. 1995. Seção 1.<br />
Rev. <strong>do</strong> TRE/RS, Porto Alegre, v.12, n.24, jan./jun. 2007