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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PARTICULAR DO REINO DE PORTIT.AL 109<br />

sonhe mais o luprar, e a»é os pensamentos d-elle perdia. Mas não os per-<br />

<strong>de</strong>ndo ella <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o Mosteiro por outra via, começou a negocear por<br />

meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>voções o estado <strong>de</strong> casada. Que muita gente caminha por aqui,<br />

e não iie a estrada errada, se quem a segue, <strong>de</strong>ixara tudo nas mãos <strong>de</strong><br />

Deos, pedindo não cousa certa, mas o mais conveniente para a salvação.<br />

Dos termos, com que orava Dona Branca, não consta; mas ficou em me-<br />

moria, que na força das <strong>de</strong>voções lhe appareceo o bom Jesus coroado <strong>de</strong><br />

espinhos, e com a Cruz ás costas: e lhe disse, que se não bancasse, que<br />

nenhum outro esposo teria, senão a elle. Bem po<strong>de</strong>mos crer, que forão<br />

isto méritos, e orações da fundadora sua tia. Soube ella conhecer o fa-<br />

vor, trocou logo os cuidados, com tanta <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> servir, e amar<br />

quem assim liberalmente se lhe oITerecia, que no gosto, com que logo<br />

pedio o habito, e na vida, que <strong>de</strong>pois fez, confirmou, que da mão do<br />

Altíssimo fora a mudança: e aflirma-se, que morreo Santa.<br />

Duas vezes foi Prioresa a Madre Dona <strong>Fr</strong>ancisca da Silva, que também<br />

achamos com nome <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ancisca <strong>de</strong> Santa Maria. Tal era sua cha-<br />

rida<strong>de</strong>, e brandura com as súbditas, juntas com muita authorida<strong>de</strong>, que<br />

o fora perpetua, se as leis da Or<strong>de</strong>m o consentirão. Davão-se então qua-<br />

tro annos <strong>de</strong> governo, a perpetuida<strong>de</strong> se tirou em todos os Mosteiros.<br />

Conta-se d'ella, que tinha gran<strong>de</strong> compaixão <strong>de</strong> todo pobre, e particular<br />

cuidado <strong>de</strong> mandar prover, os que se vinbão valei* do pouco, que então<br />

o Mosteiro podia. Chegou hum dia cora aillição á roda, para mandar pedir<br />

dinheiro emprestado. Era a conjunção tão apertada, que não havia em<br />

sen po<strong>de</strong>r mais que duas, ou Ires moedas áv cobre, que coinsigo trazia. No<br />

mesmo ponto fez seu requerimento hum pobre <strong>de</strong> fora, e ella liberalmente<br />

o consolou com as moedas, ficando <strong>de</strong>sconsolada do pouco que clava.<br />

Recebe o Senhor benigníssimo huma boa vonta<strong>de</strong> por obra. Tal <strong>de</strong>via ser<br />

o animo da Prioresa, que lhe não quiz guardar o premio para mais lon-<br />

ge. Quasi não virara as costas o pobre, quando batem na roda, pergun-<br />

tando pela Prelada. Acudio ella, e acha hum homem <strong>de</strong> boa presença,<br />

que sem dizer quem era, nem don<strong>de</strong> vinha, lhe poz na roda vinte.mil<br />

réis em ouro. Quiz a Prioresa ser agra<strong>de</strong>cida com o que lie ordinário<br />

em <strong>Fr</strong>eiras, mandava buscar doces para o convidar: mas elle foi-se, sem<br />

querer aceitar nada, dizendo, que não era bem, sahirem dadivas don<strong>de</strong><br />

se pa<strong>de</strong>cião necessida<strong>de</strong>s. Foi isto em tempo, que a cida<strong>de</strong> ardia na peste,<br />

que chamamos gran<strong>de</strong>: e as necessida<strong>de</strong>s do Mosteiro erão mais cresci-<br />

das. Porque se <strong>de</strong>terminarão as Religiosas em o não <strong>de</strong>semparar, e a

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