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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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258 LIVRO III DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

laboas, não só com socego, e segurança, mas com conhecido alvoroço.<br />

l)espedio-se das Madres, pedio hum Crucifixo, e rezando o Credo muito<br />

<strong>de</strong>vagar, quando o acabou com Àmen Jesus, acabou também a vida.<br />

Sobre muitas virtu<strong>de</strong>s, em que a Madre Soror Filipna do Espirito<br />

Santo foi assinalada, teve particular dom <strong>de</strong> governo. Tinha com todas<br />

gran<strong>de</strong> brandura, e affabilida<strong>de</strong>, com igual zelo da Religião. Assim sabia<br />

castigar os <strong>de</strong>feitos com tal medida, e prudência, que as castigadas lhe<br />

reconhecião obrigação, sem ella faltar em nada do que <strong>de</strong>via á sua. Mas<br />

sabido he, que muitas vezes não basta isto para contentar ás Communi-<br />

da<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> os gostos, e os entendimentos são mui vários, se senão acha<br />

da parte <strong>de</strong>lias ânimos <strong>de</strong>sinteressados, e geral amor da Religião. D*on<strong>de</strong><br />

íicamos collegindo, que havia n'esta casa muito <strong>de</strong> numa cousa, e outra.<br />

Pois he certo, que todas quantas vezes pô<strong>de</strong> ser eleita em Prioresa,<br />

nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser buscada uniformemente com todos os votos. E go-<br />

vernou a casa em diversos tempos vinte annos inteiros. Os últimos sete<br />

da vida cahio em huma terrível enfermida<strong>de</strong>, que a teve cercada <strong>de</strong> do-<br />

res, e misérias, a que nossa humanida<strong>de</strong> he sugeita: masnomeiod'ellas<br />

resplan<strong>de</strong>ceo em paciência, elevação, e oração, que a todas edificava. E<br />

erão tantas suas lagrimas todas as vezes que se confessava, ou via o San-<br />

tíssimo Sacramento, que era juizo commum, que tinha dom <strong>de</strong>lias.<br />

Com oucra Prioresa daremos fim ao que po<strong>de</strong>mos averiguar das Re-<br />

ligiosas d'esta casa. E não fazemos historia <strong>de</strong> mais, sendo muitas as<br />

que nella houve insignes em gran<strong>de</strong>s virtu<strong>de</strong>s: porque nos <strong>de</strong>terminamos<br />

em não tratar mais, que d'aquellas, em que achamos alguma par-<br />

ticularida<strong>de</strong> extraordinária, fazendo conta, como em outra parte disse-<br />

mos, que se houvéramos <strong>de</strong> escrever <strong>de</strong> todas as que n'este Mosteiro,<br />

e nos mais d'este Reino merecerão nome <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras filhas <strong>de</strong> São<br />

Domingos, na perfeita guarda <strong>de</strong> suas obrigações; nem tempo tivéramos,<br />

nem papel. Esta Madre, cujo nome era Aldonça <strong>de</strong> Jesus, era, e foi do-<br />

tada <strong>de</strong> huma singular humilda<strong>de</strong>, que lhe reluzia em tudo quanto dizia,<br />

e fazia. E como suas palavras, e obras representavão o que tinha no<br />

coração, da mesma maneira ficava sendo o seu aspecto hum retrato <strong>de</strong><br />

brandura, e singeleza. Até nos hábitos que vestia, dava sinal <strong>de</strong> animo<br />

<strong>de</strong>sabafado <strong>de</strong> toda a presunção, porque erão tão ordinários, e sem cu-<br />

riosida<strong>de</strong>, como da mais humil<strong>de</strong> súbdita da casa. He gran<strong>de</strong> irmãa da<br />

humilda<strong>de</strong> a santa pobreza. Esta estimava, e amava sobre maneira; e por<br />

cila era gran<strong>de</strong> amiga dos pobres, e compassiva das doentes, e das que

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