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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 479<br />

Luzia, que he huma Missa quotidiana, assentada nos livros da Sacristia,<br />

por sua alma.<br />

Tanto que o Mestre <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco se vio livre do cargo da Provín-<br />

cia, <strong>de</strong>terminou lograr-se da obra <strong>de</strong> suas mãos, e industria, fazendo ninho<br />

para si da casa, que fizera para a Or<strong>de</strong>m. Recolheo-se n'ella com <strong>de</strong>termina-<br />

ção <strong>de</strong> não tratar mais que <strong>de</strong> sua alma, o<strong>de</strong> seus livros (vida bemaventu-<br />

rada, e <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iro Religioso) (1). Era este Padre nobre, e conhecido<br />

por geração; mas vale tanto o estudo das letras, que por ellas chegou<br />

a ser não só nobre, e conhecido; mas famoso no mundo. Sendo moço<br />

<strong>de</strong>u-se a apren<strong>de</strong>r lingoas, e sahio consumado nas três Latina, Grega, e<br />

Hebraica (2). Do que lhe resultou, que como não linha menos engenho,<br />

e juízo, que applicação para toda sciencia, tanto que se applicou á Theo-<br />

logia, fez-se neila doutíssimo, e não menos na parte especulativa, e mo-<br />

ral, que na sagrada Escritura (3). A primeira pessoa, que conheceo, e<br />

honrou n'elle este Utente, foi o gran<strong>de</strong> Infante, nunca bastanlemente<br />

louvado Príncipe Dom <strong>Luís</strong>, irmão d'el-Rei Dom João III. Conheceo o<br />

thesouro, que tinha em <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco, e honrou-o com o dar por Mes-<br />

tre ao Senhor Dom António seu filho, que <strong>de</strong>pois foi Prior do Crato.<br />

Com esta lição <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ira das portas a <strong>de</strong>ntro, começou <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco<br />

a juntar outra do púlpito, e <strong>de</strong> portas a fora, em que era tão bem ou-<br />

vido, que não tardou el-Rei Dom João em lhe dar o titulo <strong>de</strong> seu Pre-<br />

gador, com muita aceitação <strong>de</strong> toda a Corte, como atraz dissemos. E o<br />

mesmo otíieio teve com el-Rei Dom Sebastião, que lhe suece<strong>de</strong>o na co-<br />

roa. E quando no anuo <strong>de</strong> 15(5! houve <strong>de</strong> mandar Theologos ao Santo<br />

Concilio <strong>de</strong> Trento, foi <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco hum dos enviados por este Reino.<br />

N'esta jornada, e assistência do Concilio, ganhou <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco credito,<br />

e gran<strong>de</strong> nome para sua pátria, e para si começou a lustrar com a pre-<br />

gação. De sorte, que a petição <strong>de</strong> muita gente <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, pregou as<br />

Quartas feiras da Quaresma do anno <strong>de</strong> 15013 em particular <strong>Fr</strong>eguezia<br />

on<strong>de</strong> foi ouvido, e louvado <strong>de</strong> muitos, e gran<strong>de</strong>s Prelados. E foi fama<br />

constante em Portugal, que fazendo hum sermão aos Car<strong>de</strong>aes, Legado,<br />

e mais Padres do Concilio, ao tempo que quiz subir ao púlpito mandou<br />

avisar ao Mestre das Ceremonias, que soubesse <strong>de</strong> Suas lllustrissimas,<br />

em que iingoa erão servidos que pregasse. Rara confiança, mas muito<br />

«'11 Bibliotb. Saneia ! b. i. litt. F (2) <strong>Fr</strong>ei íícmes

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