29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTICULAR DO IIELNO DE PORTUGAL 301<br />

verda<strong>de</strong>iro mato. Havia homens <strong>de</strong> vinte, trinta, e mais annos, que ain-<br />

da não erão bautisados; e na forma d'este Sacramento tinhão muitos erros.<br />

Encomendou Affonso d'Albuquerque ao Padre <strong>Fr</strong>ei Rodrigo Homem,<br />

que outros chamão <strong>de</strong> Sousa, o remédio d'esta Igreja: e elle o acceitou<br />

com vonta<strong>de</strong>, e obras <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iro filho <strong>de</strong> S. Domingos (1). Reformou,<br />

os que <strong>de</strong> Christãos quasi não tinhão mais que o nome: e com seu bom<br />

cuuidado,<br />

e pregação não só tornou estes ao caminho da verda<strong>de</strong>; mas con-<br />

erteo muitos gentios. Não he razão ficar por dizer, o que se não pô<strong>de</strong><br />

ntar sem magoa, que além <strong>de</strong> estar a Igreja <strong>de</strong> Christo no estado,<br />

que contamos, corria o cargo, e cuidado d^lla por hum Mouro escravo <strong>de</strong><br />

Mafame<strong>de</strong>, que fazia grangearia <strong>de</strong> ser sacristão, convertendo em si as<br />

esmolas dos Christãos, e gentios, e também <strong>de</strong> Mouros, que a ella con-<br />

corrião. Já merecem louvor <strong>de</strong> valerosos os exploradores Dominicanos,<br />

passando-lhes pelas mãos a primeira fortaleza e primeira Igreja, e pri-<br />

meira Christanda<strong>de</strong> da índia. Mas logo os veremos offerecer peitos, e<br />

vidas ao ferro, e armas inimigas, â imitação do nosso Santo Patriarcha.<br />

Passaram annos; tornou Affonso d'Abuquerque á índia (2): foi com<br />

po<strong>de</strong>r sobre a ilha, e cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goa. Posta em or<strong>de</strong>m a solda<strong>de</strong>sca para<br />

commeter a entrada, tomou a dianteira <strong>Fr</strong>ei Domingos <strong>de</strong> Sousa, sem<br />

mais armas que numa comprida haste, em que levava arvorado hum<br />

Christo Crucificado; e para melhor se divisar, sobre huma Cruz doura-<br />

da. E assim andou por entre pelouros, e frechas, animando a todos <strong>de</strong><br />

obra, e palavra(3). E o mesmo fez no segundo acommetimento d'esta ci-<br />

da<strong>de</strong>; porque succe<strong>de</strong>o largal-a com prudência AÍTonso d'Albuquerque;<br />

e poucos mezes <strong>de</strong>pois tornal-a a conquistar. Aqui fez absolvição geral<br />

aos nossos ao tempo do assalto, e com elles entrou a terra, <strong>de</strong>terminado<br />

e valente Alferes. Alcançou-se esta vitoria em dia <strong>de</strong> Santa Catharina<br />

Martyr. Levantarão-lhe os vencedores Igreja por graças; e o nosso <strong>Fr</strong>a-<br />

<strong>de</strong> assentou logo n'ella Confraria do Santo Rosário.<br />

Ganhada a cida<strong>de</strong>, pareceo a Affonso d^lbuquerque, pelo que n'ella sou-<br />

be do po<strong>de</strong>r, e gran<strong>de</strong>za do Sofi ftoi da Pérsia, que seria importante a<br />

seus disenhos tomar conhecimento d'elle, e <strong>de</strong> suas cousas mais ao per-<br />

to, por pessoas <strong>de</strong> entendimento, que bem soubessem notar, e da«r ra-<br />

zão <strong>de</strong> tudo(4). Escolheo para isto o fcadre <strong>Fr</strong>ei João do Rosário, Domini-<br />

(1) Os mesmos Comm. pari cap. 4. (2) Manuscrito <strong>de</strong> Gaspar Corrêa cap. 8.<br />

(3) Comm. <strong>de</strong> Albuq. patt. u. cap. 21.— Maffeo liv. iv da llist. da ladiu. (4) JoSa<br />

<strong>de</strong> Barros Dec. it. liv. v. cap. ò.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!