29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

£>G8 LIVRO VI DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

edificação, que <strong>de</strong>u n'esta cida<strong>de</strong>, e o gosto, e bênçãos com que o re-<br />

cebeo o Illustrissimo Dom Miguel <strong>de</strong> Castro, nunca bastantemente lou-<br />

vado Arcebispo d'ella, e tio da fundadora, irmão <strong>de</strong> seu pai. Seguiu-<br />

se logo o que se tinha pronosticado. Começarão a pedir o habito mui-<br />

tas pessoas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, não só nada espantadas das asperezas, que se<br />

contavão, mas antes convidadas <strong>de</strong>lias, e para ellas alvoroçadas. O que<br />

foi causa, que o Vigário, passados poucos annos, se encheo <strong>de</strong> animo,<br />

e começou a tratar <strong>de</strong> lhes levantar morada própria, e perpetua. E re-<br />

conhecidos muitos sitios, veio a escolher hum, que tirado ser fora dos<br />

muros, não podia achar melhor. Havia na estrada, que corre do bairro<br />

:<br />

que chamão da Pampulha, para a ribeira, e ponte d Alcantara, hum es-<br />

tendido pedaço <strong>de</strong> terra lavradia chão, e <strong>de</strong>sabafado, cuja largura capaz<br />

<strong>de</strong> hum gran<strong>de</strong> edifício era da estrada para o mar, e o comprimento<br />

corria dos fornos da cal, até pegar nos muros da quinta do Aposenta-<br />

dor mór Lourenço <strong>de</strong> Sousa, quinta nobre, que fica sobre a ribeira <strong>de</strong><br />

Alcântara. E com ser terra, que se lavrava cada anno, tinha o fundamen-<br />

to sobre huma pedra viva. Esta pedra <strong>de</strong>scendo talhada, e pen<strong>de</strong>nte so-<br />

bre as agoas do rio, on<strong>de</strong> com estreiteza correm como em garganta<br />

apertadas com os montes altos d'Almada, faz o sitio forte para bom<br />

fundamento do edifício, e tão alto, e sobranceiro, que fica senhor <strong>de</strong><br />

todo o rio, e livre dos clamnos, e vizinhança da praia, que lhe lava os<br />

pés: offerece <strong>de</strong>fionte como painel, as rochas d'Almada vestidas em parte<br />

<strong>de</strong> verdura, parte ao natural <strong>de</strong>scompostas: e contra a boca da barra,<br />

larga, e fermosa prospectiva, até se per<strong>de</strong>r a vista no mar. Em tal sitio,<br />

e no mais eminente d'elle foi o Vigário <strong>de</strong>zenhando o seu Mosteiro. E<br />

como cpmeçou a ter algum cabedal, não quiz dilatar a fabrica, fiando,<br />

e <strong>de</strong>ixando á conta <strong>de</strong> Deos os fins.<br />

Era entrado q anno <strong>de</strong> 1612; assistia n'esta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa Dom<br />

<strong>Fr</strong>ei Aleixo <strong>de</strong> Menezes, da Or<strong>de</strong>m dos Padres Eremitas <strong>de</strong> Santo Agusti-<br />

nho, Arcebispo <strong>de</strong> Braga, Primas das Espanhas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter governa-<br />

do muitos annos a Igreja <strong>de</strong> Goa na índia Oriental, também Primacial<br />

d'ella. Pedirão-lhe as Religiosas, quizesse dar principio á Casa <strong>de</strong> Deos,<br />

assentando por suas mãos a primeira pedra do edifício. Determinou-se<br />

o dia, que foi a 7 <strong>de</strong> Janeiro do mesmo anno*. Veio o Arcebispo, e fez<br />

a santa ceremonia com gran<strong>de</strong> solemnida<strong>de</strong>. A pedra levava entalhada a<br />

letra seguinte:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!