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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 19<br />

vigilância cm lhes procurar reformação no espiritual. A nossa cm particu-<br />

lar lhe está obrigada por se acabar em seu tempo, e por seu meio a<br />

contradição, e contenda continua, em que vivia esta Província com os<br />

nomes <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s Conventuaes, e <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s Reformados, nomes hum e ou-<br />

tro sempre mal sofridos. O primeiro pela lembrança, e ódio da claus-<br />

tra antiga: o segundo pela ambição da ventagem, que representava. Mas<br />

cm seu tempo se levava peior; porque já então entre huns, e outros es-<br />

íavão as cousas da Religião reduzidas a tão bons termos, -que a diffe-<br />

rença não era mais que <strong>de</strong> nome, e parecia género <strong>de</strong> afronta differença<br />

em palavra, quando nenhuma havia em obras. Florecia por estes annos<br />

na Província <strong>de</strong> Espanha (que com tal nome se quiz ficar por excellencia<br />

a <strong>de</strong> Castella, também <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> separada da nossa, como atrás tocámos)<br />

hum Religioso <strong>de</strong> raro espirito, filho do Convento <strong>de</strong> Piedrahita, Con-<br />

vento que sempre teve graça do Ceo, pêra crear semelhantes sugeitos.<br />

Era seu nome <strong>Fr</strong>ei João Furtado, nobre por geração: mas tanto mais<br />

nobre por partes <strong>de</strong> alma, que diz d'elle o Padre <strong>Fr</strong>ei Fernando <strong>de</strong> Castilho<br />

(1) que em vida, doutrina, discrição, prudência, e conselho era hum<br />

Oráculo <strong>de</strong> seu tempo: e disse pouco para o animo com que sabemos<br />

engeitou <strong>de</strong>pois dous Arcebispados, sendo hum d*elles o <strong>de</strong> Toledo; e<br />

para o brio, com que sendo encontrado <strong>de</strong> todos os principaes sugeitos<br />

<strong>de</strong> sua Província, meteo n'ella apezar <strong>de</strong> todos nova reformação, e fun-<br />

dou com gran<strong>de</strong> louvor o Convento <strong>de</strong> S. Gines <strong>de</strong> Talaveira em todo o<br />

rigor da primitiva regra <strong>de</strong> N. P. S. Domingos sem nenhum género <strong>de</strong><br />

dispensação. Tendo el-Rei dom Manoel noticia d'este Padre, <strong>de</strong>sejou<br />

que por tal medico fosse esta Provincia visitada, e segundo o que achasse<br />

nos dous Conventos <strong>de</strong> Lisboa, e Batalha, que erão os principaes d'ella,<br />

assim a visitasse e reformasse. E para o effeito lhe alcançou do Padre Ge-<br />

ral da Or<strong>de</strong>m, o Mestre <strong>Fr</strong>ei Tliomás Caetano, os po<strong>de</strong>res necessários, e<br />

lh'os mandou a Castella confirmados pelo Summo Pontífice. Era isto a<br />

tempo, que entrava o anno <strong>de</strong> 1513, no qual estava lançado o Capitulo<br />

<strong>de</strong> eleição <strong>de</strong> Provincial para S. Domingos <strong>de</strong> Lisboa. Aceitou <strong>Fr</strong>ei João<br />

a obediência muito contra seu gosto; porque sendo gran<strong>de</strong> amigo <strong>de</strong> re-<br />

formação, quizera começar antes por sua Provincia, que pelas alheias.<br />

Conta-se cTelle, que entrou pelo Reino a pé, a uso dos nossos primei-<br />

ros Fundadores, e sem mais remédio <strong>de</strong> sustentação, que o que alcan-<br />

çava, pedindo <strong>de</strong> porta em porta. O primeiro Convento em que apre-<br />

(1) Crónica da Ord. liv. i. cup. 2G.

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