29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 233<br />

<strong>de</strong> pano, qne lhe servião para dobar o fiado da Communida<strong>de</strong>, nenhuma<br />

outra cousa havia em seu po<strong>de</strong>r. Acabados estes autos <strong>de</strong> Christãa,<br />

e Religiosa, pedio, que lhe não <strong>de</strong>ssem mais pena com remédios da ter-<br />

ra, nem com a obrigarem a comer, entregou-se toda a Deos, gastou com<br />

elle, e em suas costumadas <strong>de</strong>vações até o dia da quinta feira, e toda a<br />

noite seguinte. Quando amanheceo á sexta tornou-se a <strong>de</strong>spedir das Madres,<br />

e tomar <strong>de</strong> novo a benção á Prioresa, e postos os olhos em hum<br />

Crucifixo ren<strong>de</strong>o o espirito. Ordinário he na gente que dorme vestida,<br />

e sem cama, como não dá lugar a exhalar o corpo bastantemente, lançar<br />

<strong>de</strong> si, e do vestido, hum hálito forte, e <strong>de</strong>sagradável ao olfato. Mas quiz<br />

Deos mostrar n'esta Madre, que lhe fôrão aceitas suas penitencias. Por-<br />

que na hora, em que mais se havia <strong>de</strong> sentir, e <strong>de</strong>sagradar mais o chei-<br />

ro, que dizemos, qne era na morte, começando algumas Madres a com-<br />

por o corpo para o darem á terra, foi cousa estranha, e não esperada,<br />

a gran<strong>de</strong> suavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cheiro, que lançavão <strong>de</strong> si aquelles hábitos re-<br />

mendados, e mortalha. Testemunho foi <strong>de</strong> toda a Communida<strong>de</strong> junta,<br />

sem haver <strong>Fr</strong>eira, que o não sentisse, e se espantasse, e confessasse,<br />

que vencia em fragrância as melhores composições <strong>de</strong> perfumes, que se<br />

íazião na terra. Mas inda o Senhor quiz honrar mais sua serva; e dar<br />

Énais claros sinaes da gloria, que sua alma possuía. Succe<strong>de</strong>o abrir-se a<br />

sua cova alguns annos <strong>de</strong>pois: e no mesmo que se bolio na terra, que<br />

lhe cobria os os ossos, começou a recen<strong>de</strong>r por todo o Mosteiro hum<br />

<strong>de</strong>leitoso perfume, que alegrava, e consolava os sentidos, e era tão vivo,<br />

que passou á Igreja, e fez crer a muita gente (que nella a tal hora se<br />

achou) que se queimava <strong>de</strong>ntro muito beijoim <strong>de</strong> boninas.<br />

CAPITULO XVIII<br />

Das Madres Soror Magdalena da Cruz, Soror Brites <strong>de</strong> Cltristo,<br />

Soror Maria <strong>de</strong> São João, e <strong>de</strong> três irmãos Conversas.<br />

Muito louvado he o silencio, e obediência da Madre Soror Magdalena<br />

da Cruz. Porque era escrupulosíssima em soltar numa palavra fora dos<br />

tempos, em que havia licença para fallar: e em obe<strong>de</strong>cer ás Preladas não<br />

esperava mais que hum aceno, e hum sonhar-lhes (digamol-o assim) a<br />

vonta<strong>de</strong>, para cortar por si em tudo, e trabalhar no que era mandada,<br />

'sem se aproveitar <strong>de</strong> escusa, nem razão nenhuma, por justa, e legitima

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!