29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1G4 LIVRO II DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

Pelo mesmo modo sarou outro homem da cida<strong>de</strong>, estando já ungido<br />

<strong>de</strong> hum pestilencial tabardilho. E no Mosteiro teve remédio huma Reli-<br />

giosa <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos mezes .<strong>de</strong> fortissimas sezões. Aquelle pondo a<br />

coroa, esta Madre cuhrindo-se com o manto da Senhora. Outros muitos<br />

doentes da cida<strong>de</strong> cobrarão saú<strong>de</strong> só com terra, que mandarão tomar do<br />

pé do altar, lançada com <strong>de</strong>vação ao pescoço. Mas o caso que agora di-<br />

remos, venceo todos os passadas em espanto: porque; também foi mais<br />

geral, e maior.<br />

Era por fim <strong>de</strong> Março entrada <strong>de</strong> Abril, o tempo não sô sereno, e<br />

<strong>de</strong> verão, mas calmoso, e como se fora estio, nenhum género <strong>de</strong> brandura<br />

prometia: perecião as novida<strong>de</strong>s, e começavão a per<strong>de</strong>r a côr com<br />

a seca; tinha o povo feito muitas procissões: tinha-se repartido em votos<br />

a muitos Santos, e não aparecia nenhum sinal <strong>de</strong> humida<strong>de</strong>. Sahio então<br />

huma voz do povo aííirmando em commum, que se levassem a Senhora<br />

da Consolação até a ponte <strong>de</strong> Caia, teria remédio a necessida<strong>de</strong>. Juntou-<br />

se a Camará no Mosteiro. Pedirão consentimento á Prioresa, para o que<br />

a terra toda requeria. Fazião as Religiosas diííiculda<strong>de</strong> em haverem <strong>de</strong><br />

carecer, nem por huma só hora, da santa imagem, que em nenhum tempo<br />

sahira <strong>de</strong> sua companhia. Comtudo, como era petição geral, e também<br />

interessavão no beneficio, que se pertendia, con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>rão com a <strong>de</strong>-<br />

vação. Juntou-se a terra, compoz-se hum andor para a Senhora <strong>de</strong> tudo<br />

o bom, que havin na terra. Começava a sahir da Igreja huma comprida,<br />

e <strong>de</strong>vota procissão com muita cera, e concerto, e as <strong>Fr</strong>eiras do coro a<br />

entoar hymnos da Rainha dos Ceos, não sem sentimento da auzencia,<br />

que esperavão <strong>de</strong> sua imagem. Eis subitamente tempo revolto, toida-se<br />

o Ceo <strong>de</strong> grossas nuvens, e negras, escurece-se o dia, começa o ar a <strong>de</strong>s-<br />

fazer-se em agoa. Não cabia a alegria nos peitos, nem havia quem qui-<br />

zesse cubrir a cabeça á chuva, pelo gosto <strong>de</strong>lia. Mas foi carregando, e<br />

continuando <strong>de</strong> sorte, que foi força parar a procissão. Assim consolou a<br />

Senhora o povo, e acudio às sauda<strong>de</strong>s das suas <strong>Fr</strong>eiras: e porque se<br />

visse, que <strong>de</strong> sua intercessão nascia o bem, perseverou a agoa tantos dias,<br />

que remediou as searas, e fez o anno fermoso.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!