29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 493<br />

todo o povo com a sorte, que não houve homem, que cTaquelle ponto<br />

em diante fizesse mais conta da peste. E or<strong>de</strong>nando logo numa <strong>de</strong>vota<br />

procissão, que se cerrava com a imagem do Santo, fez o governo da ci-<br />

da<strong>de</strong> hum auto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fé, e da confiança que tinhão no Padroeiro.<br />

Tomão as chaves da cida<strong>de</strong>, e metem-lh'as na mão, como que n'ellas lhe<br />

entregavão a saú<strong>de</strong>, e a salvação <strong>de</strong> todos. E apoz isto, como se a peste<br />

fora <strong>de</strong> todo acabada, mandão levantar ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> : gran<strong>de</strong>, e<br />

maravilhoso po<strong>de</strong>r da Fé! Foi cousa averiguada, e certa, que on<strong>de</strong> dantes<br />

ardia como fogo a corrupção, não se sentio mais nem hum mínimo<br />

sinal d'ella. Agra<strong>de</strong>cida a cida<strong>de</strong> fez dous autos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento ao<br />

Santo: Primeiro <strong>de</strong>terminar-se em celebrar aquelle dia, que foi aos sinco<br />

d'Agosto, com numa procissão perpetua <strong>de</strong> cada anno : Segundo levan-<br />

tar-lhe huma capella, e confraria na Igreja matriz, em que he celebrado<br />

seu dia, e nome por todos os nobres da terra.<br />

CAPITULO XII<br />

Dos Religiosos da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> São Domingos, que acompanharão a el-Rei<br />

Dom Sebastião, e seu exercito na infelice jornada a" Africa.<br />

Succe<strong>de</strong> aos annos em que vamos, outro serviço não menos impor-<br />

tante, que os que <strong>de</strong>ixamos contados, que a nossa Or<strong>de</strong>m fez ao Reino,<br />

e ao Rei. Entra o anno <strong>de</strong> setenta e oito, <strong>de</strong> triste, e magoada memo-<br />

ria, que sempre o será para Portugal: memoria que não só receia o animo<br />

renovar; mas <strong>de</strong>seja fugir, e furtar-se a cuidar n^ila. Com os infor-<br />

túnios da peste do anno <strong>de</strong> 569, foi força juntar todos o que os seguirão<br />

da mesma qualida<strong>de</strong> nos tempos adiante, que he a or<strong>de</strong>m que seguimos<br />

em todos os successos, quando são <strong>de</strong> huma mesma qualida<strong>de</strong>, por não<br />

interrompermos o fio da historia; sobresaltando, e dando a cada hum<br />

seu anno particular, como em outra parte <strong>de</strong>ixámos advertido. Tomou<br />

èl-Rei Dom Sebastião sobre si, e contra o conselho <strong>de</strong> todos os que llfo<br />

podião dar, a infausta <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> passar aos campos <strong>de</strong> Africa em<br />

favor <strong>de</strong> Muley Mahamet Xarife, <strong>de</strong>spojado do Reino por Maluco seu tio.<br />

Passou a Arzilla com huma po<strong>de</strong>rosa armada, tudo o que havia <strong>de</strong> for-<br />

ças em Portugal; exercito tão kfzido, que bastava para maior empresa,<br />

se fôra bem governado. Acudirão todas as Religiões a acompanhar seu<br />

Rei: não faltou a <strong>de</strong> São Domingos. E dos melhores sugeitos que tinha,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!