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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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4G6 LIVUO VI DA IIISTOniA DE S. DOMINGOS<br />

Deos tivesse necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum suííragio, para mais <strong>de</strong>pressa gozar<br />

<strong>de</strong> sua santa vista, sem duvida lho procuraria. Porém que isto havia <strong>de</strong><br />

ser, sendo por ella avisada. Kespon<strong>de</strong>o a enferma, que se á necessida<strong>de</strong><br />

se juntasse licença daquelle Senhor, que tudo podia, <strong>de</strong> sua parte não<br />

haveria falta. Contão que, passados quatorze dias, estava a enfermeira<br />

cm seu leito assentada, e esperta: eisque sente duas mãos, que por <strong>de</strong>-<br />

traz se lhe punhão sobre os homhros, e huma voz, que lhe dizia: Madre<br />

não hei mister nada: vejo a Deos. Ficai -vos embora.<br />

Não tinha mais <strong>de</strong> dous annos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> a Madre Soror Magdalena do<br />

Sepulchro, quando seu pai Lopo Alvares <strong>de</strong> Moura a entregou na sepul-<br />

tura d'este Mosteiro em hum dos sinco lugares, que a fundadora tinha<br />

<strong>de</strong>ixado para gente <strong>de</strong> sua geração. Aífirma-se que perseverou todo o<br />

1 esto da vida, que forão vinte e nove annos, na innocencia <strong>de</strong> tal ida<strong>de</strong>;<br />

porque <strong>de</strong> trinta e hum acabou. E para a conservar, usava <strong>de</strong> todos os<br />

meios, que a Religião ensina, <strong>de</strong> cilícios, disciplinas, abstinências, e muita<br />

oração, acompanhada <strong>de</strong> tantas lagrimas, que íicou em memoria, imita-<br />

va bem as que a Santa <strong>de</strong> seu nome chorou no sepulchro <strong>de</strong> seu Mestre.<br />

E assim se affirma, que na ultima hora mereceo ver á sua cabeceira a<br />

mesma Santa.<br />

A Madre Soror Maria d'Àssumpção foi aquella velha <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> va-<br />

lor, que veio acompanhando a Madre Soror Maria <strong>de</strong> Jesu, tia da funda-<br />

dora, quando foi trazida d Évora para primeira Prelada <strong>de</strong> Moura, como<br />

atraz fica dito. Foi esta velha hum espelho <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>, que por tal<br />

honrou a casa dEvora, em que teve a criação: e gran<strong>de</strong>mente edificou<br />

a <strong>de</strong> Moura, em que veio a acabar. Sendo esta na vida, virão-se ern sua<br />

morte novos, e maravilhosos testemunhos do thesouro, que o Senhor dos<br />

Ceos tinha n'ella escondido. Estava já no ultimo, e via-se cercada da af-<br />

llição, que a alma, e carne naturalmente pa<strong>de</strong>cem ao <strong>de</strong>sfazer da com-<br />

panhia <strong>de</strong> muitos annos. Mandou, que lhe lessem das lamentações <strong>de</strong><br />

Jeremias, no primeiro capitulo, on<strong>de</strong> começa o verso: Vi<strong>de</strong>, Domine,<br />

elc(i). N'este passo se começou a ouvir huma musica <strong>de</strong> vozes muito acor-<br />

dada, que parecia estar longe. E para que se enten<strong>de</strong>sse, que não eia<br />

cousa da terra, aconteceo, que estando toda a Communida<strong>de</strong> junta, hou-<br />

ve muitas, que nada ouvião; estando outras enlevadas na suavida<strong>de</strong> da<br />

melodia. Parece, que as tribulações dos justos espertão as vozes dos<br />

Anjos do Ceo, para louvarem o Senhor d'elle. Mas a cabo <strong>de</strong> pequeno<br />

(lj Jereiu cap. 1.

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