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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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392 LíVílO V DA HISTORIA. DE S. DOMINGOS<br />

CAPITULO II<br />

Pe<strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei Silvestre licença a el-Rei para se hir para Malaca, que lhe<br />

não conce<strong>de</strong>: Converte hum Sacerdote dos Ídolos, pessoa insigne, que<br />

morre pela Fé.<br />

Em meio <strong>de</strong> tantas aburidancias <strong>de</strong> bens da terra, com que se fazia<br />

por toda a parte invejado <strong>Fr</strong>ei Silvestre, não sentia todavia hora <strong>de</strong> gosto<br />

i-m sua alma. Porque via correr os annos, e não podia acabar com el-<br />

Rei, que <strong>de</strong>sse licença aos vassallos, para receberem a lei <strong>de</strong> Cliristo.<br />

Sendo assim, que muitos dos melhores, e maiores, ou fosse género <strong>de</strong><br />

adulação por sua potencia, ou força da doutrina, que sempre lhes pra-<br />

ticava, lhe offerecião seu bautismo, como el-ilei consentisse. Tinha-o<br />

tentado em todas as occasiões, que mais benigno se lhe mostrava. Sem-<br />

pre o achava duro, ora dizendo não ser honra revogar a lei, que seu an-<br />

tecessor fizera contra mudanças <strong>de</strong> religião: ora aííirmando que, se a<br />

quebrasse, se levantaria o Reino. Acrescentava o <strong>de</strong>sgosio a <strong>Fr</strong>ei Sil-<br />

vestre, ter avisos <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s amigos, que a fama que <strong>de</strong>lle corria por<br />

toda a Congregação, era, que folgava <strong>de</strong> mandar, e ser Príncipe entre bár-<br />

baros, <strong>de</strong>scuidado das primeiras obrigações do habito, que erão pregar a<br />

Fé. Vivendo assim <strong>de</strong>sconsolado comsigo, e nos olhos do mundo grão<br />

Senhor (que isto acontece ifelíe a muitos) entrou navio <strong>de</strong> Malaca, que<br />

<strong>de</strong> novo o encheo <strong>de</strong> cuidados, presentando-lhe cartas, e obediência do<br />

Prior <strong>de</strong> São Domingos <strong>de</strong> Malaca, que he Prelado <strong>de</strong> todos os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s,<br />

que por aquellas partes do Sul andão esparzidos; na qual com pena <strong>de</strong><br />

excommunhão lhe mandava, que na primeira occasião, que pu<strong>de</strong>sse, sa-<br />

hisse <strong>de</strong> Camboya, e se fosse a Malaca. Nenhuma nova se pu<strong>de</strong>ra dar<br />

a <strong>Fr</strong>ei Silvestre <strong>de</strong> mais gosto, senão trouxera <strong>de</strong> mistura o preceito,<br />

que era argumento <strong>de</strong> ser certa a opinião avessa, que os amigos lhe aí-<br />

íirmavão se tinha <strong>de</strong> suas cousas. Foi-se logo com os papeis a el-Rei. Era<br />

lmma patente <strong>de</strong> rigorosa nota, passada pelo Presenlado <strong>Fr</strong>ei António<br />

Rebello, que <strong>de</strong> novo entrara por Prior <strong>de</strong> Malaca. Propoz-lhe a obriga-<br />

ção, que tinha <strong>de</strong> acudir a ella, e o discredito, em que estava com os<br />

seus, por ter <strong>de</strong>ixado passar tantos annos sem se resolver, ou em<br />

pregar, que era o seu oílicio, ou em <strong>de</strong>ixar a terra. Carrcgou-se-lhe<br />

el-Rei; e remeteo-o ao Presi<strong>de</strong>nte da fazenda, em quem achou clareza<br />

<strong>de</strong> tudo o que enten<strong>de</strong>ra do sembrante Real. Recapitulou este tudo o

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