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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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72 LIVRO I DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

cor, nem sinal. Seguiu-se confissão verbal da parte, que já não era ne-<br />

cessária. Foi sentenciada com varias penas, e todas leves: porque se não<br />

achou no caso mais peccado, que fingimento humano. A maior pena<br />

foi <strong>de</strong>sterro do seu Mosteiro para outro da Or<strong>de</strong>m, que foi o cPAbranles,<br />

on<strong>de</strong> viveo. alguns annos, e faleceo cumprindo suas penitencias.<br />

Confesso que me tem custado gran<strong>de</strong> dôr, e magoa a relação doeste<br />

successo: mas são rigorosas adieis cFoste oíficio, que fazemos <strong>de</strong> Chro-<br />

nista, que para sermos cridos nos bens, e felicida<strong>de</strong>s, he forçado não<br />

ca liar os males, e <strong>de</strong>sa venturas.<br />

CAPITULO .XII<br />

Fundação do Mosteiro <strong>de</strong> Nossa Senhora do Paraíso<br />

<strong>de</strong> Évora.<br />

Circunstancia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> lustre para qualquer Convento he ter anti-<br />

guida<strong>de</strong> em seus princípios. Parece, que da mesma maneira, que acres-<br />

centa firmeza em huma gran<strong>de</strong> fabrica o alicesse mais profundo : assim<br />

acredita, e dá graça nos Conventos, e casas <strong>de</strong> Religião também a ancia-<br />

nida<strong>de</strong> mais alta. Este, <strong>de</strong> que começamos a escrever, tem sua origem tão<br />

atrazada, que achamos por memorias vivas, que no anno <strong>de</strong> 1400 havia<br />

já muitos, que se tinhão lançado as primeiras pedras, sobre que cresceo<br />

o bom edifício,, que <strong>de</strong>pois teve. E foi d'esta maneira. Houve na cida<strong>de</strong><br />

d Évora buma donzella <strong>de</strong> nobre, e antiga geração, que ficando orphãa<br />

<strong>de</strong> pai, e mãi, e acompanhada <strong>de</strong> duas irmãas, mereceo a Deos dar-lhe<br />

Ião bom espirito, e tanta conformida<strong>de</strong> entre todas três, que <strong>de</strong> mão<br />

commum se <strong>de</strong>terminarão a viver juntas, sem casar, nem querer nada<br />

do mundo. Tinhão huma pequena casa <strong>de</strong> sua herança: esta quizerão<br />

que lhes fosse morada em vida, e sepultura na morte. E começarão huma<br />

vida tão austera, e religiosa, não admitindo vista <strong>de</strong> homens, por<br />

por muito parentes que fossem, nem tratando mais que <strong>de</strong> Deos: que<br />

convidarão com seu exemplo a outras donzellas honradas, c mulheres<br />

livres <strong>de</strong> obrigações, a lhes pedirem lugar em sua companhia. Chama-<br />

va-lhe a cida<strong>de</strong> a casa das pobres Galvoas; porque tal era o appellido<br />

(las três irmãas. A mais velha, que se dizia Brites Galvoa, governava o<br />

pobre património <strong>de</strong> todas, com prudência: e no que tocava ao espirito,<br />

ora tão boa Mestra, que crescendo o numero com algumas que admiti-

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