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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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348 . LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

mesma traça, que a <strong>de</strong> Solor. E com tanta capacida<strong>de</strong>, que em huma<br />

occasião <strong>de</strong> perigo podia agasalhar todo o povo. E por não faltar em<br />

nada, poz iTella por Capitão Pêro <strong>de</strong> Carvalhaes, homem <strong>de</strong> valor, e ri-<br />

co, natural da cida<strong>de</strong> d'Evora. Bautisarão-se os En<strong>de</strong>s como tinhão pro-<br />

mettido: e feita a fortaleza repartirão-se em três povoações, huma que<br />

chamão Xaraboro, e outra Currolallas, com s*ua Igreja em cada huma:<br />

Xaraboro do nome <strong>de</strong> Santa Maria Magdalena: Currolallas <strong>de</strong> Santa Ca-<br />

tharina <strong>de</strong> Sena. A terceira povoação, he a que chamão dos Numbas,<br />

on<strong>de</strong> está situada a fortaleza com sua Igreja da invocação do nosso Pa-<br />

dre S. Domingos <strong>de</strong>ntro dos muros (Telia: e ficou na ilha o Padre <strong>Fr</strong>ei<br />

Simão por Vigário, com outros dous Padres. O numero dos novamente<br />

bautisados se achava ser com os Christãos mais antigos <strong>de</strong> sete para oito<br />

mil almas. Por maneira, que toda a ilha era <strong>de</strong> Christãos, e gente boa,<br />

e fiel; sem embargo, que também houve n'elles algumas alterações,<br />

como nos mais membros cTesta Christanda<strong>de</strong>.<br />

As cousas até aqui escritas d'esta Christanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Solor, e algumas,<br />

que mais diremos, são colhidas <strong>de</strong> huns qua<strong>de</strong>rnos, que á nossa instan-<br />

cia vieram da índia nas náos, que o anno passada <strong>de</strong> ÍG26 partirão<br />

(Telia: e no presente <strong>de</strong> 1G27 se per<strong>de</strong>ram sobre a costa da Galiza, e<br />

Biscaia, perda por muitas razões digna <strong>de</strong> lagrimas. Foi escritor d'elles<br />

o Padre <strong>Fr</strong>ei António daVisitação; <strong>de</strong> quem escrevemos atraz no capitulo<br />

segundo. Estava o original no nosso Convento <strong>de</strong> Goa. Vindo em náos tão<br />

mal afortunadas, forão enviados a Lisboa antes da perdição. Caso que<br />

na verda<strong>de</strong> não parece d-e todo falto <strong>de</strong> mysterio. Conta este Padre, que<br />

a or<strong>de</strong>m que havia em doutrinar as al<strong>de</strong>ãs, era fazer acudir todos os<br />

dias manhãa, e tar<strong>de</strong> todos os mininos á Igreja, e as mininas só pela<br />

manhãa: e porque os homens, e molheres <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> crescida po<strong>de</strong>ssem<br />

também apren<strong>de</strong>r, corrião alguns moços mais espertos as ruas todas<br />

entoando em altas vozes as orações, e mysterios santos: a que acudião<br />

as molheres ao pé <strong>de</strong> suas escadas, e os homens ás suas portas, ajudan-<br />

do, e repetindo todos o que se dizia. Por maneira, que era cousa <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> gloria <strong>de</strong> Deos, e gosto espiritual dos Religiosos, ver retumbar<br />

aquelles montes, e valles com os eccos da santa Doutrina, por boca <strong>de</strong><br />

gente, que poucos annos antes servia ao Inferno na impieda<strong>de</strong> Mahome-<br />

tica, ou Gentílica, e alegrando-se parecia-lhes, que erão como profecia<br />

<strong>de</strong> taes maravilhas os versos do poeta:

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