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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PAUTICULÀR DO REINO DE PORTUGAL 507<br />

rentes (cuidado, e oecupação <strong>de</strong> que ordinariamente nascem relaxações).<br />

Sobre tudo pareceo não encontrar a vonta<strong>de</strong> dos instituidores, enten<strong>de</strong>n-<br />

do-se, que a novida<strong>de</strong>, e titulo da Casa, que havia ser do Santíssimo<br />

Sacramento, chamaria tantos sugeitos nobres, e famílias ricas (como logo<br />

se foi vendo) que os dotes supririão para o edificio, que se havia <strong>de</strong><br />

levantar, e juntamente para acrescentar a renda. Ao que se juntou <strong>de</strong>-<br />

clararem os Con<strong>de</strong>s, que sem embargo <strong>de</strong> ser costume no Reino ficarem<br />

por donos da capella mor, e com titulo <strong>de</strong> padroeiros as pessoas, que<br />

dotâo, e fundão qualquer Mosteiro; elles erão contentes <strong>de</strong> largar todo<br />

este direito: <strong>de</strong> que estava certo haverem <strong>de</strong> resultar gran<strong>de</strong>s interesses<br />

á casa: porque não podia faltar pelo tempo em diante pessoa muito emi-<br />

nente em po<strong>de</strong>r, e nobreza, que pagasse com liberalida<strong>de</strong> a honra <strong>de</strong><br />

tal jazigo, e tal padroado.<br />

Aceitado o Mosteiro pela Or<strong>de</strong>m, foi segundo cuidado tratar do si-<br />

tio em que se lhe havia <strong>de</strong> dar principio. E como <strong>de</strong> presente faltava<br />

cabedal para a fabrica nova, e os fundadores sentião mais do que se<br />

po<strong>de</strong> dizer, qualquer hora, que se lhe dilatava o entregar-se a Deos na<br />

Religião: porque as gran<strong>de</strong>s resoluções per<strong>de</strong>m muitos quilates nos olhos<br />

do mundo, e até dos mesmos, que as tomão, se <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> publicas, e<br />

assentadas, correm com frouxidão: tratarão <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong> aluguel hum<br />

aposento nobre, e capaz <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r encerrar n'elle a Con<strong>de</strong>ça fundadora<br />

com algumas Religiosas, que havia <strong>de</strong> tirar <strong>de</strong> Mosteiros da Or<strong>de</strong>m<br />

para Mestras da Observância, e começarem juntas na forma da Religião,<br />

que estava assentada. Escolherão-se as casas, que forão do Morgado dos<br />

campos, abaixo <strong>de</strong> S. Vicente <strong>de</strong> fora, e sobre o bairro d' Alfama. E como<br />

se tomavão por Ínterim, compuzerão-se com pouco apparalo v e bre-<br />

vemente <strong>de</strong> sua Igreja, e Coro, e mais offieinas: por maneira, que aos 9<br />

do mez <strong>de</strong> Julho do anno <strong>de</strong> 1606 se acharão <strong>de</strong>ntro em perfeita clau-<br />

sura as Madres, que vierão para fundar a Religião, repartidos entre si<br />

os cargos ordinários d'ella. E a Con<strong>de</strong>ça entrou em seu noviciado. De<br />

fora ficou por Vigário o Padre Mestre <strong>Fr</strong>ei João <strong>de</strong> Portugal, que hoje<br />

he meritissimo Bispo <strong>de</strong> Viseu, acompanhado <strong>de</strong> Confessor, c Capellães,<br />

segundo costume, e or<strong>de</strong>m das nossas Religiosas.<br />

Composto, e assentado assim o material do Mosteiro, começou a<br />

correr no formal do espirito, e religião com tanto concerto, e verda<strong>de</strong>i-<br />

ra guarda do primeiro rigor, e austerida<strong>de</strong>, que nosso Santo Patriarcha<br />

introduzio na Casa <strong>de</strong> S. Xisto <strong>de</strong> Roma, que foi em gran<strong>de</strong> extremo a

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