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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 481<br />

tou a quem tinha noticia <strong>de</strong> seus escritos, se escapara o sen Job: e res-<br />

pon<strong>de</strong>ndo-lhe, que com pouco damno estava em salvo: ficou tão conten-<br />

te, que <strong>de</strong> toda a mais perda não fez caso. Este tratado está hoje vivo,<br />

e em tão boa mão, que não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> chegar á impressão, inda que j:í<br />

tem tardado muito.<br />

Tornado <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco ao venturoso ócio da sua cela, que só esti-<br />

timava: inda que el-Rei Dom Sebastião o occupava <strong>de</strong> ordinário em ma-<br />

térias <strong>de</strong> seu serviço; e o tinha feito Deputado da Mesa da Consciência,<br />

quiz Deos dar-lhe merecimento <strong>de</strong> Santo; permiltindo, que gente inve-<br />

josa o calnmniasse diante <strong>de</strong>l-Hei <strong>de</strong> homem <strong>de</strong>licioso, e amigo <strong>de</strong> suas<br />

commodida<strong>de</strong>s. Tanto pô<strong>de</strong> a inveja, que levou a el-Rei a ver a cela <strong>de</strong><br />

passagem em certa occasião, que <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco era auzente. Gran<strong>de</strong><br />

dita fora, se quizerão os Reis, ou po<strong>de</strong>rão fazer outro tanto em todas<br />

as matérias. O que n'esta succe<strong>de</strong>o foi Ficarem corridos, e com isso Ins-<br />

tantemente reprehendidos os accusadores; porque não appareceo neWn<br />

cousa contra o commum da Or<strong>de</strong>m: salvo hum pavethão <strong>de</strong> serguilha<br />

ordinário, velho, e pobre, que abrigava do vento hum corpo velho, e<br />

indisposto, que aos que o virão pareceo mais reparo necessário, e for-<br />

çado para posto tão <strong>de</strong>sabrigado como he o <strong>de</strong> Almada, que <strong>de</strong>licia ociosa.<br />

Faleceo <strong>Fr</strong>ei <strong>Fr</strong>ancisco n'esla sua casa d'Almada, <strong>de</strong> sua doença, èm<br />

10 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1581. Está sepultado no Capitulo.<br />

CAPITULO IX<br />

Dos gran<strong>de</strong>s serviços, que a Or<strong>de</strong>m d'e São Domingos fez a esta Republica<br />

<strong>de</strong> Portugal nas calamida<strong>de</strong>s da peste, que em difjerentes tempos hou-<br />

ve por todo o Reino.<br />

Escreve-se nas historias <strong>de</strong> Cister (1), que Conrado Car<strong>de</strong>al, e Bispo<br />

Portuense, varão <strong>de</strong> conhecida virtu<strong>de</strong>, e santida<strong>de</strong>, vendo persegui-<br />

dos <strong>de</strong> muita gente os Religiosos <strong>de</strong> São Domingos no tempo, que sua<br />

Or<strong>de</strong>m começava a florecer, e dilatar-se pelo mundo; tomou como Santo<br />

á sua conta emparal-os com tanto zelo, que mereceo dar-lhe disso as<br />

graças a gloriosa Virgem Mãi <strong>de</strong> Deos, com huma revelação cheia do<br />

mimos, e favores. Pedia este Santo a Deos, entre as calumnias, que ou-<br />

via dos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, e as obras virtuosas que n'elles via, lhe revelasse a que<br />

(1) <strong>Fr</strong>. Bem <strong>de</strong> Brito, na Crónica <strong>de</strong> Cister, liv. 6. cap. 39.<br />

VOL. IV 31

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