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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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300 UVnO V DA HISTORIA DF. S. DOMINGOS<br />

assim resgatar o companheiro, e <strong>de</strong>sempenhar a sua palavra, como em<br />

sua vida contámos (1), juntou segunda vez entre amigos, e gente carido-<br />

sa, quanto pareceo, que igualaria <strong>de</strong> bom retorno a encommenda Real.<br />

Porque soube logo, que se per<strong>de</strong>ra o primeiro no mar. Este segundo<br />

retorno, que foi causa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s males para muitos Padres da Congre-<br />

gação, <strong>de</strong>spachou com bom tempo, e esperanças <strong>de</strong> boa viagem. Quan-<br />

do menos se cuidou, <strong>de</strong>u em mãos <strong>de</strong> Achens, cruéis inimigos <strong>de</strong> Malaca,<br />

que tomarão o navio, e roubarão tudo. Entretanto nascerão novas <strong>de</strong>scon-<br />

fianças no Hei, não vendo resposta <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei Lopo, c lançando sempre o<br />

juizo a cuidar o peior, não respeitava perigos <strong>de</strong> mar, nem inconvenien-<br />

tes da terra; mas sentindo-se com espirito mercantil, c rasteiro, que so-<br />

bre a encommenda, que não vinha, perdia também o escravo, que solta-<br />

ra, para a hir buscar; e <strong>de</strong>scarregava sua ira sobre o companheiro, que<br />

cada dia prometia mandar lançar aos elefantes. Assim passou <strong>Fr</strong>ei Sil-<br />

vestre longos dias em sobresallo continuo, gastando todos em doutrinar<br />

hum gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> almas, que tinha bautisado, gente <strong>de</strong> varias na-<br />

ções, e cativos <strong>de</strong>l-Rei como elle. que erão quasi quinhentas pessoas,<br />

Japões, Chins, Jaós, e outros, mas nenhum Camboya. Com estes se con-<br />

solava. Até que suece<strong>de</strong>o o caso, que dando-lhe novos cuidados, or<strong>de</strong>-<br />

nou, que fosse meio para o livrar <strong>de</strong> todos, e ficar não só com <strong>de</strong>scan-<br />

ço, mas subir a huma não cuidada prosperida<strong>de</strong>. Parece caso imaginado<br />

na fantasia para representação <strong>de</strong> comedia ociosa, e fingida, mais qtfe<br />

acontecimento como foi, certo, visto, e sabido. No mesmo tempo que<br />

<strong>Fr</strong>ei Silvestre passava cm medos, o agonias, e otyrano se queixava d'ellc«<br />

e <strong>de</strong> todos os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s, vivia o nosso Prior <strong>de</strong> Malaca com tão diíTerentes<br />

pensamentos, que vendo, que estava largamente satisfeita por <strong>Fr</strong>ei Lopo<br />

a valia da encommenda <strong>de</strong>l-Rei, fez conta, que era tempo acommodado<br />

para acudir a <strong>Fr</strong>ei Silvestre com ajudadores para a conversão, e <strong>de</strong>spa-<br />

chou-lhe dous Religiosos em hum navio <strong>de</strong> mercadores Portuguezes,<br />

que na mesma confiança hião alegremente fazer sua viagem, e veniaga.<br />

Mas não erão bem entrados no primeiro porto, que po<strong>de</strong>rão tomar,<br />

quando el-Rei tendo aviso, que era gente <strong>de</strong> Malaca, mandou lançar mão<br />

<strong>de</strong> tudo, tomar as fazendas, cativar as pessoas. Erão os Religiosos <strong>Fr</strong>ei<br />

Reinaldo <strong>de</strong> Santa Maria, e <strong>Fr</strong>ei Gaspar do Salvador. Ambos com todos<br />

os passageiros, e mercadores ficarão cativos <strong>de</strong>i Piei; não sem gran<strong>de</strong><br />

e nova pena <strong>de</strong> <strong>Fr</strong>ei Silvestre. Porque forão tantas as necessida<strong>de</strong>s, e<br />

(1) .Na piut. i. liv. 'ò. cap. 32. iTOíti Historia.

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