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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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340 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

ra, tronco, c rama, que por todo he maravilhosamente cheiroso, e me-<br />

dicinal. E para se criar não tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> benefício; nem para se<br />

ven<strong>de</strong>r ha mister mais feitio, que cortal-o o ven<strong>de</strong>dor, e trazel-o ao<br />

porto. Assim he estranho o barato, com qae se leva. Ao que se junta<br />

não terem os naturaes cubica, para o navegarem para fora, e serem tão<br />

bárbaros, que não usão, nem conhecem moeda. E como lhes levão cou-<br />

sas, que hão mister para o uso quotidiano, ainda que muito vis sejão,<br />

dão liberalmente pelo troco, e commutação d'ellas gran<strong>de</strong> copia <strong>de</strong> seu<br />

páo; fazendo conta, que lhes não pô<strong>de</strong> faltar nunca, por muito que <strong>de</strong>m.<br />

Porque a ilha he tão gran<strong>de</strong>, que boja sincoenta legoas <strong>de</strong> ponta a pon-<br />

ta. Corrião os Portuguezes <strong>de</strong> Malaca ao barato. E acontecia, andando o<br />

tempo, juntarem-se tantos navios <strong>de</strong> varias partes em Timor, que era<br />

força tardarem muito em fazer sua carga. Tem a ilha muitos, e bons<br />

portos, da banda que chamão <strong>de</strong> fora, que olha para o Sul, on<strong>de</strong> he or-<br />

dinária escalla dos que buscão o sândalo; mas não pô<strong>de</strong> nenhuma em-<br />

barcação estar n'elies, mais que três mezes do anno, que dura a mon-<br />

ção dos Nortes. Tanto que entra a do Sul, he tão <strong>de</strong>smesurada a força,<br />

com que este vento os vareja todos, que não ha abrigo bastante para o na-<br />

vio, que nellés colhe, nenhum escapa <strong>de</strong> soçobrar, ou dar á costa. Acu-<br />

dio a natureza a este perigo com huma estranha provi<strong>de</strong>ncia. Oito, ou<br />

nove dias antes da mudança da mon ção, começão a soar no mar, da par-<br />

te d'on<strong>de</strong> ha <strong>de</strong> ventar, huns espantosos roncos, que os navegantes tem<br />

por aviso tão certo, que sendo do Sul, no mesmo ponto se fazem á vela<br />

todos, e <strong>de</strong>sandando vinte sinco legoas <strong>de</strong> golfo, que tantas ha <strong>de</strong> Timor<br />

ás ilhas <strong>de</strong> Solor, se recolhem a ellas, e aili no reduto, ou enseada do<br />

triangulo, que entrem si fazem as três ilhetas, como atraz dissemos,<br />

achão estancia, abrigo e seguro, em quanto durão as tormentas. As-<br />

sim ficava servindo Solor, como <strong>de</strong> estalagem, e refugio a todos os car-<br />

regadores do sândalo. Era este o estado <strong>de</strong> Solor, e o conhecimento<br />

primeiro, que d^lle tivemos no tempo antigo. Andando os annos, como<br />

a navegação dos Portuguezes <strong>de</strong> Malaca continuava, e crescia para Ti-<br />

mor, e pela mesma razão, era força valerem-se sempre dos portos <strong>de</strong><br />

Solor, veio a continuação a criar amisa<strong>de</strong>, e familiarida<strong>de</strong> entre os nave-<br />

gantes, e naturaes da ilha. De sorte, que alcançarão os nossos merca-<br />

dores sitio junto da sua povoação, para edificarem aposentos, on<strong>de</strong> po-<br />

<strong>de</strong>ssom residir sem moléstia da terra, em quanto os <strong>de</strong>tivesse a força<br />

da monção na hida/ ou na vinda. D'aqui vierão a esten<strong>de</strong>r os pensa-

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