29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 307<br />

dianeira a alma (Taquella Santa, que por elle <strong>de</strong>ra a vida, sem duvida<br />

alcançarão misericórdia. As palavras santas, o medo da morte, a ultima<br />

necessida<strong>de</strong> accen<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>vação, e <strong>de</strong>rreterão os corações em lagrimas.<br />

Or<strong>de</strong>na-os o Religioso em procissão, chamando por todos os Santos do<br />

Ceo, e cada hum por seu nome. Das lagrimas se diz, que são aquellas<br />

agoas, que estão sobre os Ceos. Como se disséramos que lhe he sugei-<br />

to o Ceo, ou que está o Ceo a seu mandar. Vio-se aqui por hum modo,<br />

qual nunca se ouvio. Não havia já braços em toda a náo, .que não esti-<br />

vessem feitos pedaços, <strong>de</strong> se revezarem na bomba. Eis que subitamente<br />

griitão,<br />

os que nella trabalhavão, que a bomba estava seca, e não tirava<br />

gota d'agoa, quando d"antes era hum rio caudal. Aco<strong>de</strong>m todos. Descem<br />

outros ao porão. Pasmão, que achão a nao estanque, e a agoa que en-<br />

chia tudo, <strong>de</strong>saparecida. Louvão a Deos, reconhecem o milagre; porque<br />

sem elle era impossivel sumir-se, como se sumira a agoa <strong>de</strong> todo. As-<br />

sim cumprirão alegremente o que restava da viagem, inda que chega-<br />

rão já por íim <strong>de</strong> Outubro, que foi gran<strong>de</strong> tardança.<br />

Chegados á barra <strong>de</strong> Goa, soou na cida<strong>de</strong>, que vinha esta esquadra<br />

Dominicana, para fazer assento, e povoação na terra: alvoroçou-se toda,<br />

e em particular a família do Seráfico Padre S. <strong>Fr</strong>ancisco mostrou, que<br />

vivia n"ella o espirito <strong>de</strong> seu fundador. Porque, como tinham Convento,<br />

e morada já antiga em Goa, foi-se o Guardião a bordo das náos receber<br />

o nosso Vigário geral, e companheiros: e com gran<strong>de</strong> amor os levou, e<br />

agasalhou comsigo, até que tiverão casa: lembrado d'aquelle santo, e an-<br />

tigo concerto dos Santos Patriarchas nossos instituidores, quando dizião:<br />

Stemus simul, et nullus adversum nos prcevalebit. Juntemo-nos, e faça-<br />

mos liga: que se assim for, não haverá quem contra nós tenha força.<br />

CAPITULO V<br />

Edifica-se o primeiro Convento <strong>de</strong> S. Domingos em Goa: contão-se os<br />

pronosticos, que prece<strong>de</strong>rão a fabrica, e o que el-Rei mandou dar f para<br />

a <strong>de</strong>spe za d'ella ) e sustentação dos Religiosos.<br />

Governava a índia, quando estes Religiosos n'ella entrarão, o bom<br />

velho Garcia <strong>de</strong> Sá, que succe<strong>de</strong>ra na governança por morte do valero-<br />

so, c santo Governador Dom João <strong>de</strong> Castro. Presentaram-lhe seus<br />

<strong>de</strong>spachos em chegando. Mandava el-Rei, que se lhes <strong>de</strong>sse na cida<strong>de</strong> o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!