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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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356 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

havião <strong>de</strong> matar António d'Andria, e dos mais conjurados, que seguião<br />

a Dom Diogo, e não escaparia homem a vida.<br />

Que fora do mundo, se todos os conselhos <strong>de</strong> guerra tivessem no<br />

campo o successo, que os bons discursos pintão em casa? Tinhão por<br />

certo, os que hião contra o capitão, que o acharião na sua sala, <strong>de</strong>itado<br />

em hum esquife, como costumava. Foi Deos servido, que estava reco-<br />

lhido: e isso lhe <strong>de</strong>u a vida. Porqje vendo elles, que não sahia, e temen-<br />

do que se tardassem, começarião os companheiros a dar por Tanagarão,<br />

voltarão para os barcos a buscar suas armas. Entretanto tinha Dom Gon-<br />

salo entrado na fortaleza com toda dissimulação. Fez oração na Igreja,<br />

fallarão com os Padres, que acharão nella elle, e os seus, e puzerão-se<br />

a passear na praça darmas, esperando o sinal concertado. Mas eis que<br />

a poucos passos começa a soar da parte <strong>de</strong> Tanagarão huma alarida, que<br />

afundia a terra: vozes confusas <strong>de</strong> acommetedores, e acommetidos: Ma-<br />

ta, mata, traição, traição, fogo, fogo. Ao primeiro grito manda Dom Gon-<br />

salo cerrar a porta da fortaleza, e que se não perdoasse a ninguém a<br />

vida. Foi primeiro morto á porta da sua cella o irmão <strong>Fr</strong>ei Belchior,<br />

porteiro do pobre Conventinho. Forão buscados os Padres: mas tinhão-<br />

se sahido antes. Derão logo traz os seculares: não ficou homem com<br />

vida, salvo os que o medo da morte fez saltar os muros. Crescia a grita<br />

e confusão. Juntarão-se os Portuguezes, e com elles os homens <strong>de</strong> me-<br />

lhor tenção da terra: e em lugar <strong>de</strong> acudirem aon<strong>de</strong> os chamava o dani-<br />

no, e o perigo <strong>de</strong> seus vizinhos, quizerão soccorrer primeiro a fortaleza<br />

falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensores; mas achando-a já fechada, e cheia <strong>de</strong> inimigos, que<br />

do muro lhe atiravão pedras, e azagayas, forão-se em <strong>de</strong>manda do Ca-<br />

pitão: E nisto esteve a salvação <strong>de</strong> todos. Porque se acertarão <strong>de</strong> tiir<br />

contra o arrebal<strong>de</strong>, como erão poucos, e lhes vinha Dom Diogo nas cos-<br />

tas, tomados em meio não escapava homem. Arrebentava o Capilão <strong>de</strong><br />

dor, e raiva <strong>de</strong> ver a terra ar<strong>de</strong>ndo, e a fortaleza tomada: raiva que<br />

mais justamente pu<strong>de</strong>ra ter contra seu <strong>de</strong>scuido, e culpa <strong>de</strong> viver fora<br />

da praça, que tinha cm homenagem. Quizera acommeter contra Tanaga-<br />

rão, e dar Santiago nos índios; mas foi advertido <strong>de</strong> hum dos Padres,<br />

que se tinhão sahido, quando Dom Gonsalo entrou, que guardasse a có-<br />

lera para melhor conjunção, e tratasse <strong>de</strong> cobrar a fortaleza por huma<br />

portinha falsa, que havia annos se íizera para certo effeito, e <strong>de</strong>pois s

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