29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 403<br />

lavro, e obras: como se podo ver <strong>de</strong> huma carta sua para o Prior <strong>de</strong><br />

Malaca, que por isso a ajuntamos aqui. Foi resposta dos parabéns, e vi-<br />

sita, que o Prior lhe mandou tanto que soube <strong>de</strong> sua successao. Segue-<br />

se a carta.<br />

«Prauncar, Hei <strong>de</strong> Gamboya, á Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> S. Domingos <strong>de</strong> Malaca<br />

amiza<strong>de</strong>, e lembrança perpetua. Pelos meus Embaixadores tive huma<br />

carta d'essa Religião, e outra por <strong>Fr</strong>ancisco Luis, com o presente, que<br />

me mandava. E bem vi o muito que folgava com as minhas prosperida-<br />

<strong>de</strong>s: posto que ao presente inda sejão envoltas com guerras, e <strong>de</strong>sobe-<br />

diências <strong>de</strong> meus vassallos. O que me causa não acudir a essa Religião,<br />

como minha vonta<strong>de</strong> e <strong>de</strong>zejo pe<strong>de</strong>. Mas tendo tudo quieto, e as guerras<br />

acabadas, njo serei <strong>de</strong>scuidado a lhe fazer lembrança, se sirva- d'estes<br />

Reinos, como o fez em vida d'el-Rei meu pai. Porque agora estão as<br />

guerras taes, que nem tempo me dão para cumprir com o que tenho pro-<br />

mettido aos Padres <strong>de</strong> S. <strong>Fr</strong>ancisco. Mas <strong>de</strong> tudo lhe tenho passado cha-<br />

pa Real para na primeira bonança a pôr por obra.»<br />

Assim cerrava a carta, que damos na mesma forma em que chegou<br />

a nossas mãos: porque nos não constou se a escrevera elrRei em sua<br />

linguagem, ou se a mandara fazer por mão <strong>de</strong> algum Portuguez, como<br />

era possível. Abaixo havia mais duas regras, que dizião assim:<br />

«As cousas ditas me fazem continuar com a arrecadação do junco,<br />

e fazenda, que n'essa fortaleza tomarão a hum cativo meu. VV. RR. se-<br />

jão parte para que se me man<strong>de</strong>.»<br />

Apoz estas cartas mandou outras para o Capitão da fortaleza; pedin-<br />

do com eíficacia, e encarecimento lhe fossem os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s <strong>de</strong> S. Domingos,<br />

e com elles alguns artilheiros, e espingar<strong>de</strong>iros, e bons soldados, e também<br />

mestres <strong>de</strong> levantar navios, a que prometia fazer gasalhado, e dar<br />

bons partidos. E em sinal <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira amiza<strong>de</strong>, e bom espirito, alem<br />

<strong>de</strong> hum bom presente para o Capitão, mandou ao Prior duas gran<strong>de</strong>s<br />

cruzes <strong>de</strong> páo ferro, que erão como mastros. O feitio era oitavado, e<br />

dourado sobre charão vermelho, para preservação do sol, e ouro contra<br />

a força do sol, e agoa. Era Prior <strong>de</strong> Malaca <strong>Fr</strong>ei Gonsalo <strong>de</strong> Cerqueira,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!