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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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474 LíYRO II DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

D^aqui seguio sua peregrinação, passou a Roma, e a Veneza. Em Veneza<br />

embarcou para a Terra Santa, e em fim chegou a Jerusalém. O gozo o<br />

a alegria tTalnia com que entrou, e residio na santa cida<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>ixa bem»<br />

enten<strong>de</strong>r da vonta<strong>de</strong>, com que empreben<strong>de</strong>o a jornada, e do que (Telia<br />

referio a Dom Pedro buma das companheiras, que em cabo <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito<br />

mezes tornou a aparecer em Lisboa. Dizia esta, que a consolação com<br />

que Soror Margarida se achava nos santos lugares, era tão celestial, que não<br />

entendia ser já possível <strong>de</strong>ixal-os, senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> os lograr muito <strong>de</strong>vagar,<br />

e pelo menos espaço <strong>de</strong> dous annos, ou três. Quantos forão os que se <strong>de</strong>-<br />

teve, não chegou a nossa noticia: porque n'este passo se per<strong>de</strong>o a me-<br />

moria, e rasto d'ella. E lhe aconteceo como a rio, que se some na terra,<br />

e vai sahir, e aparecer em outra parte muito distante, segundo se escreve<br />

do Nilo em Ásia, do Alfeo em Grécia, do Guadiana em Espanha. Porque<br />

a cabo <strong>de</strong> muito tempo <strong>de</strong>u sua vida gran<strong>de</strong> brado, e em íim se soube<br />

que <strong>de</strong>ixando Jerusalém, tornou a Bolonha visitar a casa <strong>de</strong> São Domin-<br />

gos, e n'ella lhe suece<strong>de</strong>o cousa, que com muita razão a obrigou a per-<br />

<strong>de</strong>r totalmente o amor da pátria, e ficar-se até a morte á vista, e sombra<br />

d'aquellas santas relíquias.<br />

Pedio confessor chegando ao Convento. Acudio hum Padre Lombardo<br />

<strong>de</strong> nação, tão cerrado na sua lingoagem, e boçal nas alheas, que <strong>de</strong> nenhuma<br />

maneira se enten<strong>de</strong>rão nas poucas palavras, que da primeira vista<br />

tiverão entre si. Porém entrando no acto da confissão, foi isto tanto ao<br />

revez, que elle lhe enten<strong>de</strong>o toda sua aceusação, tão perfeitamente como se<br />

a fizera em bom lombardo, e ella seus conselhos e admoestações santas como<br />

se forão em liso, e corrente portuguez. Caso foi, que muito <strong>de</strong>u que cui-<br />

dar a cada hum, e que por então dissimularão ambos. Mas continuando<br />

as confissões, foi maior o espanto: porque vião, que fora d'ellas <strong>de</strong> nenhuma<br />

maneira se entendião em cousa que tratassem, ainda <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mui-<br />

tos dias <strong>de</strong> communicação. Julgava o Confessor, como foi tomando mais<br />

conhecimento da consciência da penitente, que por méritos <strong>de</strong>lia obrava<br />

Deos a maravilha, que não duvidava ser nascida do po<strong>de</strong>r divino. Julgava<br />

a penitente, que <strong>de</strong> ser o Confessor santo, e tudo o da casa semelhante<br />

a seu fundador, lhe procedia tanto bem. E dando-se as emboras <strong>de</strong><br />

ter topado com tal espirito, para refrigério <strong>de</strong> sua alma, tomava por<br />

aviso do Ceo os suecessos. E logo foi assentando comsigo, não cuidar<br />

mais, em mudar terras, nem andar caminhos; mas ficar-se em Bolonha<br />

para todos os dias <strong>de</strong> sua vida. O Padre <strong>Fr</strong>ei Luis Cacegas, <strong>de</strong> cujos

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