29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O* LIVIU) I DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

seguir os caminhos da virtu<strong>de</strong>. E esta lhe <strong>de</strong>u confiança, como foi cres-<br />

cendo, e teve ida<strong>de</strong> para po<strong>de</strong>r tratar <strong>de</strong> si, para pedir a seus pais, que<br />

lhe <strong>de</strong>ssem vida em Religião, porque sua tenção era não querer nada<br />

do mundo. O que por palavra dizia, vião elies, que pcdião suas obras,<br />

Porque <strong>de</strong> noite a achavão muitas vezes, ora levantada e posta em ora-<br />

ção, ora dormindo no sobrado, ou ladrilho. De dia não havia <strong>de</strong> comer,<br />

sem fazer partilha com os pobres, usando <strong>de</strong> charida<strong>de</strong>, e fazendo absti-<br />

nência: duas virtu<strong>de</strong>s em huma só obra. Vendo ella que corrião os ân-<br />

uos, e que seus pais lhe não diffirião, buscou caminhos, e mandou tra-<br />

tar com as Madres do Mosteiro da Madre <strong>de</strong> Deos, que a quizessem re-<br />

caber. Chegou o trato á noticia dos pais, a tempo que não faltava mais<br />

para se effectuar, que a ida <strong>de</strong> Soror Maria. Resolverão-se então em lhe<br />

fazer a vonta<strong>de</strong>; mas porque conhecião fraqueza em sua complexão, con-<br />

sentindo no estado que <strong>de</strong>zejava, não vinhão na Casa que escolhia; por-<br />

que a julgavão por <strong>de</strong>masiadamente rigorosa para ella. Por remate vie-<br />

rão a concordar, que entrasse ifesta; era já <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenove annos, quando<br />

entrou; e como erão annos bem gastados, iguaes no modo <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r<br />

a hum bom noviciado, parecia entre as Noviças, ou Mestra, ou <strong>Fr</strong>eira<br />

velha. Per<strong>de</strong>m-se mal as manhas da mocida<strong>de</strong>, quer sejão boas, quer<br />

más. E por isso se disse, que vai muito avezar bem n'ella. Deu-se com<br />

as mortificações, que achou na Or<strong>de</strong>m, como com pão caseiro, e pare-<br />

cendo-lhe que o estado a obrigava a mais do que fazia secular, tinha<br />

por pouco cilícios, disciplinas, e abstinências. Busca huma taboa, põe-na<br />

sobre o colchão, lança-lhe a manta por cima, pêra não ser vista. Com<br />

este furto fazia guerra ao sono, e ao <strong>de</strong>scanço; mas porque não bastava<br />

para <strong>de</strong>sterrar o sono, vencidos os membros, ou do trabalho do dia,<br />

ou do costume da jasida; tanto que sentia que a Communida<strong>de</strong> dormia,<br />

<strong>de</strong>ixava a taboa, pregava os joelhos em terra, passava a noite em ora-<br />

ção. N'ella, como era buscada por taes meios, lhe fazia o Senhor sinala-<br />

das mercês, que com humilda<strong>de</strong>, e sogeição communicava a sua Mestra,<br />

que hoje vive, e aífirma, que erão cousas gran<strong>de</strong>s, e que dizião bem<br />

com sua vida. Mas o Confessor do Convento, que então era o Padre <strong>Fr</strong>ei<br />

Manoel d'Arvellos, pessoa <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> provada, as abonava por novo mo-<br />

do: confessara-a muitas vezes, e algumas geralmente, e dizia, que erão<br />

taes suas confissões, que merecião fazer-se mais caso d'ellas, que <strong>de</strong> to-<br />

dos os mimos do Ceo, por gran<strong>de</strong>s que fossem. De huma e outra cou-<br />

sa era boa prova huma gran<strong>de</strong> inveja, que o Inimigo commum lhe tinha,<br />

i

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!