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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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sua<br />

PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 310<br />

ia vonta<strong>de</strong>, e entrava em novo género <strong>de</strong> milícia, e trabalhos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

* velho. Mas ninguém se espantou, nem sentio mais esta mudança, que<br />

Dom Pedro Mascarenhas, que chegando do Reino a governar a índia, e<br />

fazendo conta que tinha n'este homem hum piloto sábio, e santo, para<br />

com elle acertar, e <strong>de</strong>scançar nos maiores cuidados d'aquelle Estado gran-<br />

<strong>de</strong>, pareceo-lhe que o achava enterrado. Era isto em tempo, que estava<br />

recolhido <strong>de</strong> pouco. Não quiz, nem podia <strong>de</strong>sfazer a obra <strong>de</strong> Deos; que<br />

se mudão mal os homens crescidos. Mas por não per<strong>de</strong>r o interesse do<br />

bom conselho, do qual trazia or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>l-Rei Dom João se aproveitasse,<br />

não tomava assento em nenhuma cousa importante, sem o ouvir. Hia-se ao<br />

Convento, sentava-se com elle no canto da cella, em quanto foi noviço.<br />

E affirma-se, que <strong>de</strong> seu parecer proveo cousas <strong>de</strong> muita importância,<br />

e sustancia para bem do Estado, e serviço <strong>de</strong> Deos. Depois que pro-<br />

fessou, mandava-o chamar, para ouvir seu parecer nas matérias em que<br />

fazia juntas com Fidalgos, e Capitães. O mesmo fez <strong>de</strong>pois o Viso-Rei<br />

Dom Constantino, irmão do Duque <strong>de</strong> Bragança, dando-lhe tanto credito<br />

em tudo, que quando foi a conquista do Jaffanapatão, o levou comsigo.<br />

Porque não tinha menos voto nas cousas da guerra, que nas da paz.<br />

Este Yiso-Rei lhe fez a fesia, e gasto da sua Missa nova com gran<strong>de</strong> ap-<br />

parato, e magnificência, por mandado da Bainha Dona Catharina, que já<br />

então governava o Reino por morte d'el-Rei Dom João. Soube que Dom<br />

Pedro lhe fizera a profissão com largueza: mandou, que*na Missa nova<br />

houvesse aventagem. Ficarão d'este Padre muitos exemplos <strong>de</strong> humil-<br />

da<strong>de</strong>, obediência, e brandura religiosa, com que se fazia amar <strong>de</strong> todos.<br />

Na obra da Igreja foi incansável ajudador. Àffirma-se, que a seu traba-<br />

lho, e diligencia se <strong>de</strong>ve a fermosura d^Ha. Porque <strong>de</strong> noite recolhido<br />

na cella estudava traças para alvitres <strong>de</strong> esmolas, que sem damno da fa-<br />

zenda Real, nem das partes servissem para a obra: E por taes lhe erão<br />

logo concedidos pelos que governa vão. Estas esmolas, com o que <strong>de</strong>u <strong>de</strong> sua<br />

fazenda, e <strong>de</strong>rão por amor d'elle seus amigos, se achou por conta <strong>de</strong> livro,<br />

que subirão a trinta mil pardáos. De dia assistia com os Architectos,<br />

e officiaes, ora procurando a perfeição da fabrica, ora correndo a pé,<br />

e muitas vezes, as pedreiras a ver, e notar a cantaria, que se corta-<br />

va. E ultimamente foi gran<strong>de</strong> parte com sua brandura, e bons modos,<br />

para que todos os Gentios, que na obra ganhavão jornaes, se viessem a<br />

converter, e ganhar as almas. E elle por sua mão os bautisou em<br />

hum dia <strong>de</strong> São Domingos. Faleceo <strong>de</strong> sua doença, pedidos, e recebi-

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