29.06.2013 Views

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

££8 LIVRO III DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

convém para boa administração <strong>de</strong> súbditos, pelo gran<strong>de</strong> valor, que he<br />

necessário para levar condições varias, e vencer os contrastes, e diíflcul-<br />

da<strong>de</strong>s, que cada passo, e em cada matéria das Communida<strong>de</strong>s se oíTe-<br />

recém. Mandou-a <strong>de</strong>scançar o Geral Justiniano, que pelos annos <strong>de</strong> 15GG<br />

visitou esta Província; e todavia inda os Prelados a occuparão <strong>de</strong> novo<br />

na instituição <strong>de</strong> hum Mosteiro, que pouco <strong>de</strong>pois se fundou em Azei-<br />

tão, que chamarão Bom Pastor: e <strong>de</strong>ixando-o or<strong>de</strong>nado, se tornou para<br />

Santa Catharina, on<strong>de</strong> acabou em boa velhice. Deve-se a esla Madre o<br />

que d'ella temos dito por memoria da fortaleza, com que sustentou o<br />

rigor, e austerida<strong>de</strong>s da regra: e veio fundar em Santa Martlia, e <strong>de</strong>pois<br />

passou a Santa Catherina, com que <strong>de</strong>u occasião a huma fama, que nesta<br />

casa ficou, e dura inda hoje, <strong>de</strong> que todas as Madres, que com ella vie-<br />

rão, forão Santas. Gran<strong>de</strong> louvor da casa, gran<strong>de</strong> louvor, e honra ,<strong>de</strong><br />

quem tal criação soube fazer.<br />

Algumas cousas se contão dos princípios d'estc Mosteiro; que também<br />

he razão acompanhem quem o principiou e fundou. Porque são ra-<br />

ras, e bem <strong>de</strong> notar. Começou quasi com a casa, e durou muitos annos <strong>de</strong>pois,<br />

ajudar a rezar o Officio Divino <strong>de</strong> parte do coro direito huma voz em<br />

falsete, expressiva, muito espivitada, e clara, hum som tão retinido, que<br />

não havia duvida em ser voz <strong>de</strong> fora, clara, e manifesta. Notava-se, que<br />

no verso Gloria Patri, soava, e levantava mais. E causando primeiro<br />

pavor, veio a ser tão familiar para as Religiosas, que se algumas vezes<br />

faltava, como aconteceo faltar, se <strong>de</strong>sconsolavão muito. Perguntou-se a<br />

bons Letrados, que po<strong>de</strong>ria ser. O gran<strong>de</strong> Inquisidor, <strong>Fr</strong>ei Manoel da<br />

Veiga, e <strong>de</strong>pois o Mestre <strong>Fr</strong>ei João <strong>de</strong> Portugal, agora meritissimo Bis-<br />

po <strong>de</strong> Viseu, ambos assentarão, que seria Anjo. Porque a ser alma <strong>de</strong><br />

alguma Religiosa do Purgatório, como dizião outros Letrados, não fize-<br />

ra interpolações, como se via, faltando alguns dias, e tornando: gran<strong>de</strong><br />

gloria d'esta Gommunida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>scessem Anjos do Ceo, e a viessem<br />

ajudar aos louvores divinos.<br />

Não tem menos <strong>de</strong> admiração por outra via o caso, que agora dire-<br />

mos. Havia no claustro hum gran<strong>de</strong> pessegueiro, que dava muita, e fermosa<br />

fruta, que a Prioresa estimava, para fazer presentes á Con<strong>de</strong>ça,<br />

sua Padroeira, e ás Senhoras <strong>de</strong>votas, que fazião bem á casa. Como es-<br />

tava em lugar aberto, e a fruta se fazia cobiçar por muita, e bella, e <strong>de</strong>-<br />

leitosa á vista, usou das armas da religião, <strong>de</strong>clarando, que mandava<br />

não tomasse ninguém, nem tocasse n ella. Porque queria, que a Con<strong>de</strong>-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!