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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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248 LIVRO III DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

do <strong>de</strong>pois vierão a povoar o Mosteiro novo, se acharão trinta e quatro,<br />

como <strong>de</strong>ixamos contado; sendo o espaço tão curto, que não houve mais<br />

em meio, que sinco para seis annos. Não se po<strong>de</strong> negar, que <strong>de</strong>via dar<br />

muito animo ás que buscavão a Deos na reformação, as partes <strong>de</strong> vir-<br />

tu<strong>de</strong>, e prudência, que vião na Prelada. Huma, em que muito se esme-<br />

rava, era a da santa pobreza: e como a estimava, e queria para si, da<br />

mesma procurava, que resplan<strong>de</strong>cesse no Mosteiro. Assim era lingoagem<br />

dos moradores da villa, notando com attenção o pouco provimento, que<br />

nelle entrava para a sustentação quotidiana, que mais parecia <strong>de</strong> Padres<br />

do ermo tal modo <strong>de</strong> vida, que não <strong>de</strong> molheres <strong>de</strong>licadas, e fracas, que<br />

moravão em povoado, e não entre feras. Este rigor, e austerida<strong>de</strong> <strong>de</strong> go-<br />

verno continuou <strong>de</strong>zasete annos. Cresce o espirito nas faltas do corpo.<br />

Assim contão, que toda sua recreação era assistir no coro orando, <strong>de</strong>-<br />

pois <strong>de</strong> ser a primeira em todos os lugares, e obrigações da Communi-<br />

da<strong>de</strong>. Do que nascia, que todas as vezes que fallava <strong>de</strong> Deos nos Capí-<br />

tulos, que fazia, ou em particulares conversações, era tanto seu fervor,<br />

e <strong>de</strong>vação, que communicava fogo <strong>de</strong> amor divino, a quem a ouvia. Con-<br />

tavão d'ella as velhas, que a alcançarão, que trazia sempre na boca, e<br />

para todas as praticas esta palavra: Eternida<strong>de</strong>; e sempre que a pronun-<br />

ciava, era com huma notável suavida<strong>de</strong>, que se enxergava sahir-lhe do<br />

centro d'alma. Ilumas vezes dizia: Oh quem se vira já n ?<br />

aqi*elle abysmo<br />

das eternida<strong>de</strong>s! Outras vezes <strong>de</strong>sabafava em suspiros, que lhe arranca-<br />

vão o coração com vehemencia, dizendo: Quando será, meu Deos, aquelle<br />

ditoso dia, que vá gozar <strong>de</strong> vossa perpetua eternida<strong>de</strong>? Quando me su-<br />

bireis comvosco aos altos montes da vossa eternida<strong>de</strong>? Eternida<strong>de</strong>, que<br />

assim como não conhece fim, da mesma maneira he tão soberana a gloria<br />

dos bens, que n r<br />

elía encerrais, que com razão dissestes passarem por<br />

tudo, que olhos <strong>de</strong> homens virão, e orelhas ouvirão, e por tudo o que<br />

seu coração pô<strong>de</strong> fingir, ou com a imaginação pintar, e <strong>de</strong>zejar. E isto<br />

he o que ten<strong>de</strong>s guardado para os que vos amão. Ohbemditoamor, que<br />

taes eternida<strong>de</strong>s tem por galardão! Aconteceo hum dia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver<br />

muito tempo que tinha largado o cargo <strong>de</strong> Prioresa, achar-se a hum<br />

Capitulo <strong>de</strong> visitação, que fazia, sendo Provincial o gran<strong>de</strong> Mestre <strong>Fr</strong>ei<br />

Jeronymo d'Azambuja, aquelle que com nome <strong>de</strong> Ojeaslro he venerado<br />

<strong>de</strong> todos os doutos, e ouvir-lhe dizer, encarecendo com sua consumada<br />

eloquência o respeito, com que os homens <strong>de</strong>vião estar diante do Divi-<br />

níssimo Sacramento do aliar, que se aquelle Senhor nos abrira os olhos,

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