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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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500 LIVRO VI DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

te pertencentes a esta Historia todos os successos, que i^clla adiarmos<br />

<strong>de</strong> <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s <strong>de</strong> S. Domingos, e <strong>de</strong> honra, e credito <strong>de</strong> nossa Religião.<br />

Nasceo <strong>Fr</strong>ei Constâncio em Pistoia, cida<strong>de</strong> da Toscana, <strong>de</strong> pais nobres.<br />

Sendo moço estudou Humanida<strong>de</strong>, e passou á Theologia. N^ste tempo<br />

foi prevenido das benções do Senhor. Porque vivendo ainda sem sugei-<br />

ção, nem vinculo <strong>de</strong> Religião, fez voto <strong>de</strong> castida<strong>de</strong>, e pobreza. E para<br />

se valer <strong>de</strong> armas contra o Inimigo commum da virtu<strong>de</strong>, ajuntou outro<br />

voto mui importante a tal fim, que foi <strong>de</strong> não comer carne, nem beber<br />

vinho. N'este estado lhe pareceo todavia, que seguraria mais a merca-<br />

doria, e thesouro do Ceo, se o escon<strong>de</strong>sse nos claustros da Religião; e<br />

escolheo a <strong>de</strong> nosso Padre S. Domingos, e n'eila professou. E como era<br />

já Theologo, foi logo mandado exercitar o ministério da pregação. Sue-<br />

ce<strong>de</strong>o achar-se em Roma por íim do anno <strong>de</strong> 1593, e ouvir contar gran<strong>de</strong>s,<br />

e exquisitos tormentos, com que os Turcos tinhão martyrizado em<br />

Argel dous Padres <strong>de</strong> S. <strong>Fr</strong>ancisco, e outros dous da mesma Or<strong>de</strong>m em<br />

Tunes, estando por or<strong>de</strong>m do Papa resgatando cativos. Enchião-se <strong>de</strong><br />

pavor os ouvintes, e elle abrasava-se em fogo <strong>de</strong> inveja <strong>de</strong> acabar a vi-<br />

da em semelhante carreira: e cuidando muitos dias na gloria, que he<br />

para hum Christão ser martyr por Christo, emfim resolveo comsigo hir-<br />

se por qualquer via, que pu<strong>de</strong>sse a terra <strong>de</strong> Mouros, n'elia viver, ser-<br />

vindo aos Christãos, e pregando a Christãos, e Mouros, e esperar, se<br />

seria Deos servido dar-lhe a boa sorte, que a sua alma aspirava <strong>de</strong> mor-<br />

rer por elle. Com tal <strong>de</strong>terminação procurou, e alcançou licença do Papa<br />

Clemente VIII, e achando-se em Palermo <strong>de</strong> Sicília, embarcou cm<br />

huma não, que passava para Lisboa, e havia <strong>de</strong> tomar terra em Valença,<br />

Era seu dizenho ficar-se em Valença, para d*alli passar a Argel, ou a<br />

Tunes com a primeira occasião, que houvesse <strong>de</strong> navio. Mas a Divina<br />

Provi<strong>de</strong>ncia, que o tinha guardado para maior serviço seu, e remédio <strong>de</strong><br />

mais numero <strong>de</strong> gente, e mais necessitada, or<strong>de</strong>nou, que na mesma pa-<br />

ragem 'da terra, em que cuidava ficar, se levantou hum temporal tão<br />

forte, que sem po<strong>de</strong>r aifazer, foi a náo correndo até Gibraltar, e ali i tomou<br />

porto. Não <strong>de</strong>sesperou <strong>Fr</strong>ei Constâncio, vendo-se lançado tão lon-<br />

ge do que buscava. Foi-se entretendo com officios <strong>de</strong> charida<strong>de</strong>, pelos<br />

quaes, e pela singular abstinência, que guardava, era estimado, e ama-<br />

do <strong>de</strong> toda a terra: até que aportou n'ella huma setia, que fazia sua viagem<br />

para Barcelona. Alegre com tal passagem, assentou com os mari-<br />

nheiros embarcar com elies, e não tardou cm juntar seus iivrinhos, e

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