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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 445<br />

lembrança n'cste lugar; inda que já em outros o temos contado(I). He esta<br />

praça fronteira, e muitas vezes acommetida <strong>de</strong> hum dos mais po<strong>de</strong>rosos<br />

inimigos, que n'este Oriente tem os Portuguezes, que he o Aquebar,<br />

Rei dos Mogores. Mantinha-se em tempos atraz com muito trabalho, por<br />

não ter mais cerca, que huns pequenos vallos, arrimados a numa fraca<br />

estacada. Tratarão os Viso-Reis <strong>de</strong> a fortificar: e por razões, que para<br />

isso consi<strong>de</strong>rarão, commelerão a obra, por ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> confiança, e<br />

grossa <strong>de</strong>speza, aos nossos Religiosos, e aos Padres da Companhia <strong>de</strong><br />

Jesu. Dando or<strong>de</strong>m, que ambas as Religiões <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com o go-<br />

verno da Camará corressem comella, porque se fazia á custa das rendas, e<br />

próprios da cida<strong>de</strong>. Mas entrando por Viso Rei Matinas dWlbuquerque no<br />

anno <strong>de</strong> 1392, largarão os Padres da Companhia a occupaçlo, e ficarão<br />

sós com todo o trabalho os Religiosos <strong>de</strong> São Domingos, acompanhados<br />

da Camará. E proce<strong>de</strong>rão com tanta diligencia, que sendo muito mais<br />

o que estava por fazer, que o que era feito até então, <strong>de</strong>rão inteiro re-<br />

mate a toda a fortificação antes do anno <strong>de</strong> 1603. que nos constou<br />

por hum instrumento <strong>de</strong> vinte testemunhas, que em nosso po<strong>de</strong>r temos,<br />

que foi juridicamente tirado da mesma cida<strong>de</strong> por Luis <strong>de</strong> Mello, Ouvi-<br />

dor, e Escrivão António <strong>de</strong> Seixas. E he muito <strong>de</strong> estimar o que porelle<br />

se vê que estes Padres fizerão; para dar animo, e exemplo aos successores.<br />

Porque se prova, que levantarão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os fundamentos a gran<strong>de</strong> machi-<br />

na do baluarte São Sebastião, em hum dos mais importantes silios da<br />

cida<strong>de</strong>; acabarão, e puzerão na altura que tem <strong>de</strong> presente o baluarte,<br />

que chamão <strong>de</strong> São Domingos o velho, que estava mui longe <strong>de</strong> sua<br />

perfeição, e fizerão todo o que cerra a rua <strong>de</strong> São Domingos o novo. E<br />

o <strong>de</strong> Sa&tingo, que não estava mais que principiado. E acabarão <strong>de</strong> le-<br />

vantar o <strong>de</strong> São Jorge, e toda a cortina do muro, que fica entre estes<br />

dous baluartes. E puzerão em sua altura o <strong>de</strong> São Filippe, que olha<br />

contra a barra. De sorte que ficou logo d'elle jogando a artelharia; e<br />

lançarão todo o pano <strong>de</strong> muro, que corre entre o <strong>de</strong> São Filippe, e o<br />

da Madre <strong>de</strong> Deos; e toda a mais muralha, que d'este vai entestar no<br />

<strong>de</strong> São <strong>Fr</strong>ancisco. Fabricarão mais os gran<strong>de</strong>s baluartes, São Miguel, e<br />

São Martinho, com hum rebellim, que d'este nasce, e vai correndo so-<br />

bre hum braço do rio, obra forte, e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s terraplenos. Per ma-<br />

neira, que só no breve tempo <strong>de</strong> sua particular administração fizerão os<br />

nossos <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s as duas partes <strong>de</strong> toda a fortificação : sendo assim, que<br />

(1) l>art. i. liv. 3. cap. 18.

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