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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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428 L1YR0 V DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

que se ganhavão, concedidas pelos Summos Pontífices. Pedio, que se<br />

aparelhassem todos para as receberem dignamente. Como a gente ficou<br />

obrigada do movimento, qne em todos tinha feito a pregação, acudio<br />

tanta a se confessar na pobre casinha, que três dias antes da festa não<br />

sahirâo dos confessionários quatro Padres, <strong>de</strong>sque amanhecia até anoi-<br />

tecer. E acontecia entrar-se pela noite. E quando foi o dia da festa, se<br />

affirmou, que commungarão n'ella mais <strong>de</strong> quinhentas pessoas. O que<br />

foi notado, e advertido por hum Padre da Companhia <strong>de</strong> Jesu, que a<br />

rogo dos nossos aceitou a pregação do dia: affirmando que nunca tal<br />

vira em Bengala.<br />

Quiz a Senhora do Rosário honrar sua festa com <strong>de</strong>sviar hum <strong>de</strong>-<br />

sastre, que esteve armado para gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsolação dos Padres, e per-<br />

da dos seculares. Estava a casa por <strong>de</strong>ntro, e por fora, nos lugares que<br />

a procissão havia <strong>de</strong> correr, paramentada <strong>de</strong> todo o bom que havia em<br />

Dianga, <strong>de</strong> sedas, e alcatifas, e jóias dos moradores mais ricos. Tinhão os Re-<br />

ligiosos or<strong>de</strong>nado humacharola para nosso Padre São Domingos, em que<br />

amontoarão, porque não hia outra, hum thesouro <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> ouro, e<br />

pedraria, numas pen<strong>de</strong>ntes, outras que guarnecião os baiaustes: das mais<br />

ricas se via cercada a capa, e habito do Santo. Estava inda a Igreja cer-<br />

rada: eis que, sem se saber como. <strong>de</strong> huma vella. que perto ardia;<br />

salta fogo na charola, e pren<strong>de</strong> por on<strong>de</strong> era guarnecida <strong>de</strong> algodão. O<br />

tempo seco, a matéria disposta, fez lavrar o fogo como pólvora, e lan-<br />

çar a lavareda ao alto da casa, que sendo, como era, tecida <strong>de</strong> canas, e<br />

palha, não se duvidava <strong>de</strong> lastimoso incêndio. Acudirão os Padres cheios<br />

do pavor, a abafar a .chamma da charola, com alcatifas, para atalharem<br />

communicar-se a armação das pare<strong>de</strong>s. Subirão escravos, e criados ao<br />

telhado, todos chamando por nossa Senhora. Acudio ella com seu bem-<br />

dito soccorro. Porque remediada a charola com diligencia; a lavareda,<br />

que andava ateada no teclo, que força humana já não podia vencer, subitamente<br />

se apagou por si, e antes que chegassem a ella os criados. E<br />

não houve perda, nem damno <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração. •<br />

Mas que diremos aos juizos divinos ? Não passarão trinta dias,<br />

que se não visse abrazada a Igreja, e casa, sem ficar cousa em pé.<br />

Parece que o primeiro fogo <strong>de</strong> paz, e <strong>de</strong>scuido, foi agouro <strong>de</strong> segundo,<br />

<strong>de</strong> guerra e cuidado. Entrou cl-Rei <strong>de</strong> Arracão no porto com<br />

huma po<strong>de</strong>rosa armada : aeommeteo <strong>de</strong> súbdito a terra <strong>de</strong>sapercebi-<br />

da, alem <strong>de</strong> por si ter pouca força, assolou tudo. Valeo aos Ueligio-

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