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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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T)H LIVRO I DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

Na Religião nunca a morte he súbita, ou não cuidada; pois a primeira<br />

cousa, que <strong>de</strong> boa entrada nos dâo n'ella, lie huma mortalha, e seu res-<br />

ponso em cima. Para quem anda, como <strong>de</strong>ve a tal estado, por ventura<br />

que he mais misericórdia hum fim arrebatado, que lutar com a fraqueza,<br />

e acci<strong>de</strong>ntes da ultima <strong>de</strong>spedida, e com as fantasmas, e enganos do<br />

tentador.<br />

CAPITULO IX *<br />

De Soror Guiomar <strong>de</strong> S. Paulo, e Soror Maria Baulista, Irmãs Conversas.<br />

Resta-nos dizer <strong>de</strong> duas Irmãs Conversas, que começando em servi-*<br />

doras seculares, proce<strong>de</strong>rão com tanta virtu<strong>de</strong>, que se igualarão com os<br />

espíritos mais levantados do Mosteiro. E aindaque pela conta dos annos<br />

tinha huma d'ellas seu lugar mais atraz, damos-lhe este em razão do es-<br />

tado, em que ambas começarão, e do em que acabarão. Foi a primeira<br />

Soror Guiomar <strong>de</strong> S. Paulo, dotada <strong>de</strong> tão boas partes em humil<strong>de</strong> nas-<br />

cimento, que obrigarão á Communida<strong>de</strong> a recolhel-a comsigo. O nasci-<br />

mento era ser filha <strong>de</strong> huma veleira, mulher <strong>de</strong> bem, que havia muitos<br />

annos servia a Casa. As partes erão, bom juizo, humilda<strong>de</strong>, modéstia, c<br />

recolhimento. Foi admitida para servidora secular, como então se costu-<br />

mava. Entregou-se-lhe por primeiro posto <strong>de</strong> sua obrigação a cosinha. Aqui<br />

começou a servir com cuidado, e limpesa ; e como era moça, e trazia<br />

forças, fazia mais só, que todas as companheiras juntas: E tão alegre-<br />

mente, que mostrava folgar <strong>de</strong> as <strong>de</strong>scançar á custa <strong>de</strong> seu braço. Mas<br />

o que mais espantava era, que acabado o trabalho do dia, não se apro-<br />

veitava da noite para <strong>de</strong>scançar na cama. Seu <strong>de</strong>scanço era gastar a<br />

mór parte d^lla orando, e este lhe fazia achar-se com dobrado animo<br />

para trabalhar no dia seguinte. Assim juntava a vida contemplativa com<br />

a activa, e em ambas mostrava notável valor. Porque não tendo mo-<br />

mento ocioso na activa; para ajudar a contemplativa, sabia usar <strong>de</strong> muita<br />

abstinência, e <strong>de</strong> muitas, e varias penitencias: e com tanta se<strong>de</strong> se empregava<br />

em cada huma, como se só aquella estivera á sua conta. No<br />

que era Amor <strong>de</strong> Deos, não havia <strong>Fr</strong>eira mais afervorada ; no que tra-<br />

balho <strong>de</strong> mãos, nenhuma servidora tão diligente. AíTirmavão duas Madres,<br />

que sabião muito d'ella, que tinhão estes fervores sua raiz em<br />

muitos mimos, com que o Amador das almas puras recreava, e cevava<br />

a sua na Oração. E segundo isto não era maravilha voar, quanto mais

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