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Fr. Luís de Cácegas – Vol.4 - opscriptis

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328 LIVRO IV DA HISTORIA DE S. DOMINGOS<br />

tia vida; que íhais queria morte em sua divina graça» q«e todos os car-<br />

dos, e bens do mundo com risco <strong>de</strong> a per<strong>de</strong>r. Adoeceo logo, e acabou<br />

ao terceiro dia.<br />

Era Mestre <strong>de</strong> Noviços em Goa o Padre <strong>Fr</strong>ei Simão das Chagas, dè<br />

quem havemos <strong>de</strong> fallar adiante, quando chegarmos á Christanda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Solor, aon<strong>de</strong> por muitos títulos pertence. Veio-íhe pedir o habito <strong>de</strong> ir-<br />

1<br />

mão Leigo hum mancebo <strong>de</strong> boa presença, natural d Amarante. Senda<br />

recebido pelo Prior, encommendou o Mestre aos noviços, que tivessem<br />

cuidado <strong>de</strong> fazerem oração porelle; porque lhe via geito <strong>de</strong> haver <strong>de</strong> dar<br />

bum bom filho <strong>de</strong> São Domingos. Com se fora profecia, assim foi o bom<br />

Leigo adiantando em todo o género <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>. De sorte, que era hum<br />

exemplo <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>vação, e charida<strong>de</strong>. E conta o Padre <strong>Fr</strong>ei<br />

António da Visitação, que sendo Enfermeiro no Convento <strong>de</strong> Goa, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> cançar todo o dia em servir os doentes, <strong>de</strong>scançava á noite em fer-<br />

vorosa oração. E tal, que foi fama, e cousa havida por mui certa, que<br />

huma noite lhe apareceo o bemaventurado São Gonsalo, Santo da sua<br />

terra, acompanhado <strong>de</strong> huma suavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cheiro tão extraordinário.,<br />

que junto à novida<strong>de</strong> da visão ficara o pobre Leigo todo trasportado; o<br />

tornando em si gritara tão alto, que acudirão os <strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>s. E perguntado<br />

pela causa, não sabia respon<strong>de</strong>r outra cousa, senão: Oh que suaves erãoí<br />

Não tem a terra cousa semelhante! Era hum dos que acudirão, o Padre<br />

<strong>Fr</strong>ei Thomè Cardoso, que pouco <strong>de</strong>pois foi Prior <strong>de</strong> Goa, e contava o<br />

caso, como se fora presente: e do Leigo tinha gran<strong>de</strong> opinião. Este irmão<br />

veio a adoecer, e estando na enfermaria, ena mesma cella, em que estava<br />

o Padre <strong>Fr</strong>ei Paulo do Espirito Santo, chamou huma noite pelo Padre,<br />

e perguntou-lhe, que queria dizer: Lamiate Dominum <strong>de</strong> ccehs? Contava<br />

este Padre, que na hora, que lhe respon<strong>de</strong>ra com a <strong>de</strong>claração, <strong>de</strong>ra o<br />

bom Leigo dous gran<strong>de</strong>s suspiros, e atraz elles a alma. E porque a doen-<br />

ça não era <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que prometesse fim tão breve, julgou a pie-<br />

da<strong>de</strong> dos que conhecião seu espirito, que as palavras do Psalmo forão<br />

chamamento do Ceo, e juntamente effeito <strong>de</strong> o levarem traz si. Era o<br />

nome <strong>de</strong>ste irmão, <strong>Fr</strong>ei Aleixo.<br />

Neste Convento vivia, e cTcllc se embarcou em huma galo com Dom<br />

Gil Eanes Mascarenhas capitão d'ella, e <strong>de</strong> outros navios, o Padre <strong>Fr</strong>ei<br />

João Soares a provar os perigos do mar, e da guerra: e sendo o capi-<br />

tão morto <strong>de</strong>sastradamente pelo gentio do Sanquisel, acabou com elle o<br />

<strong>Fr</strong>a<strong>de</strong>, animoso companheiro.

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