Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
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Só aos papas assistia o direito <strong>de</strong> erigir os bispa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> os supprimir,<br />
<strong>de</strong> os unir e dividir, e <strong>de</strong> alterar e marcar os seus limites;<br />
mas este direito não existia sem restricções no seu exercicio, como<br />
pelas <strong>de</strong>cretacs era estabeleci<strong>do</strong>: aqui apparece o direito <strong>da</strong> egreja<br />
portugueza modifican<strong>do</strong> a generali<strong>da</strong><strong>de</strong> d'aquelle principio.<br />
Aos monarchas portuguezes, á cgreja portugueza, riaio pertencia<br />
o direito dc crear os bispn<strong>do</strong>s, mas elles podiam oppor-sc e obstar<br />
h sua erecçóo, quan<strong>do</strong> a entendiam <strong>de</strong>sneccssaria ou inconveniente.<br />
O seu assentimento, sua intervenção era condiçgo sine qua non<br />
<strong>da</strong> legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> d'estcs factos.<br />
Elles n30 s6 possuiam o direito d'esta intervenção <strong>de</strong>libcrativa,<br />
e ao mesmo tempo passiva ; mas era-lhes egualmente apanagio a<br />
facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> excitar a erecção <strong>do</strong>s novos bispa<strong>do</strong>s c metropoles:<br />
náo assim o direito <strong>de</strong> os crear ou modificar por si sómeotc, ou<br />
sem assentimento <strong>da</strong> Santa S6.<br />
Não se cui<strong>de</strong> que preten<strong>de</strong>mos siistentnr este capitulo <strong>do</strong> Codigo<br />
<strong>da</strong>s liber<strong>da</strong>dcs <strong>da</strong> egrqja portugucza, como os cscriptores <strong>de</strong> certa<br />
escola, perdi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> amoles pelas regalias <strong>da</strong> cor<strong>da</strong>, oii orgi~lhosos<br />
<strong>de</strong> seu esplen<strong>do</strong>r nos dias que foram.<br />
Vamos procurar na exposiçao <strong>da</strong>s provas d'cste direito, <strong>do</strong>s titulos<br />
d'esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, a maior simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e inteiro <strong>de</strong>sinteresse.<br />
Como se ver8 <strong>da</strong>s iiltimns paginas d'cste estu<strong>do</strong>, confessan<strong>do</strong><br />
quanto valeram estas joias <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> <strong>do</strong>s nossos monarchas em tempos<br />
que foram e o que sip~ificaram na peleija <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s maiores<br />
luctas que a historia nos <strong>de</strong>screve, não nos <strong>de</strong>ixamos mover nem<br />
por odios a essa vigente institiiirRo <strong>do</strong> direito pontificio, nem por<br />
exaggcra<strong>do</strong>s affectos ao glorioso throno <strong>da</strong> nossa patria.<br />
Nenhum pódc exigir <strong>de</strong> n6s senÁo a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> inteira: consoln<strong>do</strong>ra,<br />
se 6 brilhante, cheia <strong>de</strong> magua, se 6 triste; mas sempre a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Na epocha em que Portugal se fez in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, vigorava na<br />
peninsula a divisa0 ecclesiastica <strong>do</strong> ultimo tempo <strong>da</strong> <strong>do</strong>minação<br />
go<strong>da</strong>; porque, como 8 sabi<strong>do</strong>, os musulmunos, mostran<strong>do</strong> mais<br />
atila<strong>do</strong> genio politico, <strong>do</strong> que em seculos muito mais a<strong>de</strong>anta<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> nossa era não revelam os papas'e os reis catholicos, consentiram<br />
e toleraram a religiao <strong>do</strong>s vrnci<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> o sexto seciilo que havia<br />
duas metropoles nas egrejas hespanholas: Brnga e Meri<strong>da</strong>.<br />
Poucos aiinos antes <strong>da</strong> scparaçao <strong>do</strong> Portiigitl <strong>da</strong> monarchia leo-<br />
Pcza, o paI)a Cal!isto ir, por uina bulla <strong>do</strong> anrio 1 120, altcrárn as