Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
que o papa <strong>de</strong>via perservar os <strong>direitos</strong> <strong>do</strong>s reis, como escreveu<br />
por exemplo Phebo, 2." parte, <strong>de</strong>c. 2 14, n.' 27 ; e d'ahi os preceitos<br />
canonicos relaxavam-se por causa <strong>da</strong>s prerogativas <strong>do</strong>s reis.<br />
O po<strong>de</strong>r real era pois pleno e supremo; o que <strong>de</strong>cidia a von-<br />
ta<strong>de</strong> regia, <strong>de</strong>cidia-se <strong>de</strong> sciencia certa, á similhança <strong>do</strong>s pontifices.<br />
Dividiam os <strong>direitos</strong> majestaticos em varios capitulos, e, <strong>de</strong>pois<br />
dc dizerem que o primeiro oficio <strong>do</strong> imperante era o direito le-<br />
gislativo, afirmavam gratuitamente que, para ter este direito, o<br />
imperante não podia passar sem o direito <strong>de</strong> inspecção, segun<strong>do</strong><br />
artigo <strong>do</strong>s <strong>direitos</strong> <strong>do</strong> summo imperio.<br />
«Consiste este direito, diz Coelho <strong>de</strong> Sampaio, na auctori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e obrigação <strong>de</strong> vigiar e consi<strong>de</strong>rar attentamente sobre to<strong>da</strong>s as<br />
pessoas, cousas e negocios comprehendi<strong>do</strong>s nos recintos <strong>do</strong> Es-<br />
ta<strong>do</strong>.» 1<br />
Eis aqui o po<strong>de</strong>r absoluto cm to<strong>da</strong> a sua manifestaç3o.<br />
Para n8o esquecer cousa alguma, começavam os propugiia<strong>do</strong>res<br />
d'estas theorias, <strong>de</strong>pois d'estas <strong>de</strong>finiçõer, a classificar e fazer dis-<br />
tincçbes <strong>de</strong> pessoas moraes e physicas, att': que chegavam !i tlis-<br />
tincçáo <strong>de</strong> pessoas seculares e ecclesiasticas; e assim fun<strong>da</strong>vam o<br />
direito <strong>de</strong> inspecção sobre a egreja, o qual appelli<strong>da</strong>vam <strong>de</strong> jus<br />
circa sacra, e se estendia á egreja,.pessoas e cousas ecclesiasticas.<br />
Como sustentavam a in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res espiritual e tem-<br />
poral, e lhe era indispcnsavol mostrar <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong> a sujeição<br />
<strong>da</strong> egreja no esta<strong>do</strong>, usavam <strong>do</strong> seguinte raciocinip pueril:<br />
Os membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ou republica ccclesiastica s30 mcm-<br />
hros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ou republica politica e civil; por isto sr iiiicbin<br />
dc tal sorte, pelo vinculo <strong>da</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong> e communhão <strong>da</strong> f6 <strong>de</strong><br />
Christo com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ecclesiastica, que vem a constituir uma<br />
republica christã, composta <strong>de</strong> ambas as republicast.<br />
1 Coelho <strong>de</strong> Sonsa e Sampaio, Prelecgiies <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Patrio publico e par-<br />
ticular, 1793, § Lxvirr, P. rr tit. v.<br />
2 Estas theorias eram tão pomposamente apresenta<strong>da</strong>s, que nas cousas mais<br />
insignificantes se ren<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> hoje a conta em qiie, pelo menos officinlmente,<br />
eram ti<strong>da</strong>s.<br />
0 exemplar <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> Coelho <strong>de</strong> Sampaio, qiie temos ao pB <strong>de</strong> n6s quan<strong>do</strong><br />
escrevemos, 8 <strong>da</strong>s melhores ediç0es que no fim <strong>do</strong> seculo passa<strong>do</strong> se faziam<br />
entre nós; e as folhas sobre a aresta sFio <strong>do</strong>ura<strong>da</strong>s como as <strong>de</strong> um livro mys-<br />
tico <strong>de</strong> oraçiies.<br />
H:r um pequeno folheto d'este auctor, qiic an<strong>da</strong> incorpora<strong>do</strong> 4s suas obras,<br />
on<strong>de</strong> rebate os arguinentos com que j& se atacavarn pstas cousas ridiculas,<br />
e emque elle <strong>de</strong>sinvolve a theoria <strong>do</strong> direito divino. E mais curioso <strong>do</strong> q1lc