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Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...

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momento, levanta o olhar altivo para aquelle colosso, que pensa<br />

phantasmagorico; mas aquella luz offusca-lhe a vista com seu .<br />

clarao, nào sei se satanico se divino; quer protestar contra a nova<br />

soberania; mas acinia <strong>de</strong> sua voz, elle ouve, troan<strong>do</strong> nos ceus, a voz<br />

verierari<strong>da</strong> <strong>do</strong>s primeiros papas, cujas sombras lhe apparccem co-<br />

Ijertas com a çaridi<strong>da</strong> turiica, saliiri<strong>do</strong> <strong>da</strong>s catacumbas, orna<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s<br />

palmas <strong>do</strong> martyrio e <strong>do</strong> esplen<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s sanctos. Então o proprio<br />

episcopa<strong>do</strong> rola ate os pks <strong>do</strong> pontifica<strong>do</strong> supremo <strong>de</strong> envolta com<br />

to<strong>da</strong> a egreja, com to<strong>do</strong> o edificio singelo, mas grandioso, mas<br />

purissimo, mas sancto, <strong>da</strong> antiga disciplina. 1<br />

E tu<strong>do</strong> isto fdra um logro, o embuste vilissimo <strong>de</strong> um homem<br />

infame, que escond6ra o seu nome abjecto sob o puro nome <strong>de</strong><br />

um varão respeitavel, a quem assim imputava um <strong>do</strong>s maiores cri-<br />

mes, um <strong>do</strong>s factos mais nefan<strong>do</strong>s, que a historia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> estre-<br />

mece <strong>de</strong> narrar!<br />

Durante oito seculos durou esta comedia; durante oito secu-<br />

10s se accreditou na pureza <strong>da</strong>s inventa<strong>da</strong>s <strong>de</strong>cretaes.<br />

Taes são os tristes effeitos <strong>da</strong> ignorancia!<br />

Foi preciso que a egreja se visse <strong>de</strong>spe<strong>da</strong>ça<strong>da</strong> pelo seu mais<br />

cruel schisma ; que a intelligeiicia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> resuscitasse ; que fosse<br />

indispensavel para certa seita provar a vani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s alicerces <strong>da</strong><br />

gran<strong>de</strong> supremacia romaria; foi preciso tu<strong>do</strong> isto, tantos seculos,<br />

1 Hincmar e quasi to<strong>do</strong>s os bispos gauleees fizeram viva opposigo hs <strong>de</strong>cretaes.<br />

f1i:icmar & urli <strong>do</strong>s bultos mais graridiosamente esculpi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> episcopa<strong>do</strong><br />

d'estes teiripos <strong>de</strong> perdiçiio e igiioraricia. Homem, mui sahio, couhece<strong>do</strong>r<br />

<strong>da</strong> antiga disciplina, elle fez urna guerra tenaz As <strong>de</strong>cretaes <strong>de</strong> Isi<strong>do</strong>ro;<br />

uso que po<strong>de</strong>sse pro\.ar e coiivencer-se <strong>da</strong> falsificação d'aquelles <strong>do</strong>cuineiitos,<br />

que Ih'o uBo c(~riseiitiaui as luzes <strong>de</strong> seu tempo; mas porque sente, corno que<br />

adiviiilia que ha alli uma força infernal acoberta<strong>da</strong> corn as puras vestes <strong>do</strong>s<br />

piinieiros e mais ~ltiitos bispos <strong>de</strong> Roma. As falsas <strong>de</strong>cretaes rebaixavam o<br />

opiscopa<strong>do</strong>, roul?avain-lhe a soberania e a iu<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ucia; é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>; - mas<br />

nio 8 86 por isto que este lioiriein combate a força e auctori<strong>da</strong><strong>de</strong> legal <strong>da</strong><br />

collecçâo <strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong> Isi<strong>do</strong>ro; 6 priiicipalmeiite contra o monstruoso capitulo<br />

<strong>da</strong>s appeilaçòes para o papa, que elle emprega seus esforços, bem ven<strong>do</strong><br />

as fui:csta~i e tristiusimas coiisequericias d'essir disciplina inaudita. Hincinar<br />

dizia que a nova collecção, ou codigo, nào <strong>de</strong>via ter força <strong>de</strong> lei,-porque, não<br />

estail<strong>do</strong> grau<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>cietaes no Co<strong>de</strong>z Canonum, nao podia ella<br />

inverter a disciplina estabeleci<strong>da</strong> por tantos <strong>de</strong>cretos poritificios e tão voneraveis<br />

cariones. Na<strong>da</strong> couseguiu to<strong>da</strong>via.<br />

Esse homem, tie era mui illustra<strong>do</strong>, nlo se podia porem chamar um canonista;<br />

longe, bem loiige d'isso. A cultura <strong>de</strong> sua intelligeucia era maia pagii<br />

e litterata, <strong>do</strong> que cliristrt e theologiça, e por isso o brilho <strong>de</strong> seu taleiito tem<br />

muitas vezes estes reflexos <strong>da</strong> fraqueza e corrupção <strong>do</strong> ultimo perio<strong>do</strong> <strong>da</strong> litteratura<br />

romana.

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