Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
aqui, a idéa está como aquellas figuras <strong>de</strong> mulheres, que Ovidio 110s<br />
pinta nas metamorphoses, começan<strong>do</strong> <strong>de</strong> se transformar em aves,<br />
com os braços feitos em azas, os cabellos a tornarem-se pennas.<br />
E, comtu<strong>do</strong>, notcmos bem, é isto, 6 s6 isto, que dá corpo á<br />
idéa <strong>de</strong> uma religião <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Os reis são, como Constantino, os bispos externos, episeopi re-<br />
rum externarum; os <strong>de</strong>fensores <strong>do</strong>s canones, os inimigos <strong>da</strong>s he-<br />
resias.<br />
Con<strong>de</strong>mna<strong>do</strong> pelas idéas novas, mas vivo na legislação e accctso<br />
nos <strong>de</strong>sejos <strong>da</strong> velha seita absolutista, este esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> cousan impe-<br />
rava ao tempo <strong>da</strong> nossa primeira Constituição politica.<br />
Por on<strong>de</strong> se avalia o nivel intellectual <strong>de</strong> um povo na actuali-<br />
<strong>da</strong><strong>de</strong> é pclo <strong>de</strong>sprendimento, nõo <strong>da</strong> id6a livre e vigorosa <strong>do</strong> prin-<br />
cipio religioso, mas <strong>da</strong> id6a autoritaria e intolerante <strong>de</strong> religião.<br />
Portugal, neste momento, força é confessal-o, estava mui prezo o<br />
esta segun<strong>da</strong> idéa; as Constituições politicas não po<strong>de</strong>ram romper<br />
com o passa<strong>do</strong> nestes abusos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, e viram-se obriga<strong>da</strong>s a<br />
transigir.<br />
O art. 6.' <strong>da</strong> Carta é, pois, uma pura transacção com o cs-<br />
ta<strong>do</strong> atraza<strong>do</strong> <strong>da</strong> opinião quanto a idéas religiosas: assim o enten-<br />
<strong>de</strong>mos sempre, e nunca <strong>de</strong>paramos com o <strong>de</strong>smenti<strong>do</strong> d'este pen-<br />
samento.<br />
Mas em que termos se fez essa transacção? quaes os <strong>direitos</strong><br />
que se cedCram ? quaes os que se fizeram reconhecer ?<br />
Este o ponto difficil.<br />
Ao primeiro lance <strong>de</strong> olhos, as expressóes <strong>do</strong> artigo - conti-<br />
nuará a ser a religião <strong>do</strong> reino - lembram que a Carta rcvali-<br />
<strong>da</strong>sse e confirmasse inteiramente a <strong>do</strong>utrina <strong>da</strong> inspecção e pro-<br />
tecção suprema <strong>da</strong>s leis josephinas.<br />
Effectivamente, se a religião catholica continúa a ser a religiáo<br />
<strong>do</strong> reino; se o que dá corpo a uma religiao <strong>do</strong> reino são estes di-<br />
reitos e <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> para com ella; parece que essa theoria<br />
tem passa<strong>do</strong> to<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mãos <strong>do</strong>s monarchas para o po<strong>de</strong>r executivo.<br />
Nem isto ao primeiro aspecto repugna com o espirito <strong>da</strong> Carta,<br />
porque 6 <strong>de</strong> ver, que sobre to<strong>da</strong>s as outras foi a religiâo catholica<br />
por ella consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> especialmente, e em publico se não reconhece<br />
nem permitte outra alguma ; alem <strong>de</strong> que, se nestes <strong>direitos</strong> inspe-<br />
ctivos d'essa <strong>do</strong>utrina vae a <strong>de</strong>fesa legitima <strong>do</strong>s <strong>direitos</strong> <strong>da</strong> sobe-<br />
rania temporal contra as ambiciosas prctenyfies <strong>da</strong> Se romana; a