Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...
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tenham concebi<strong>do</strong> uma idéa <strong>de</strong> Deus, diversa nas varia<strong>da</strong>s regibes<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e ria success80 <strong>do</strong>s tempos, e estabeleci<strong>do</strong> crrcmonias <strong>de</strong><br />
culto tambem <strong>de</strong>seguaes em suas solemnidii<strong>de</strong>s e ritos, sem que<br />
com isto se altere, se discor<strong>de</strong> lia idéa primeira <strong>de</strong> Deus, que o<br />
instincto religioso faz brotar na consciencia <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, k o que não<br />
comprehcn<strong>de</strong>m essas escolas.<br />
A segun<strong>da</strong> illação não se faz esperar: é a intolerancia.<br />
Emquanto as cousas se conservam neste esta<strong>do</strong> a religiao existe<br />
só <strong>de</strong> envolta com a sripersti~ão rias clas~es ignorantes; as outras,<br />
indifferentcs e hypocritas, fingem-se religiosas, v&em na religiáo um<br />
freio ás revoluções, um tempero á moral.<br />
Esta id6a <strong>de</strong> uma religião unica ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira; a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ser intolcrantc quan<strong>do</strong> assim concebi<strong>da</strong>; o systema dc a fazer instrumento<br />
<strong>de</strong> edificação moral ; trouxeram insensivelmente a protccçáo<br />
<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r publico <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes erros nasceu<br />
um outro, confuso, mixto <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, questão <strong>de</strong> polavras e<br />
dc forma com <strong>direitos</strong> effectivos e reaes á existencia substancial e<br />
objectiva-a religiao <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, a religiáo <strong>do</strong> reino.<br />
Esta protecçao, esta uniõo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> egryja triumphante,<br />
tem passa<strong>do</strong> por varias phascs. Primeiro, nas religiões <strong>de</strong> culto ap- ,<br />
paratoso e larga disciplina extrrna, o rstii<strong>do</strong>, o imptarante, o po<strong>de</strong>r<br />
p~d~lico, presta o seu auxilio, a sua forca coercitiva, e essas reli-<br />
giõcs peccam pela flagrante contradicrÃo <strong>de</strong> se dizerem priva<strong>da</strong>s<br />
cm rssencia dc força coercitiva, e exigirem-na e consentirem-na<br />
como essencial, embora empresta<strong>da</strong>.<br />
Depois, ha um ~erio<strong>do</strong> com que as ambi~ões <strong>do</strong>s podcrcs <strong>da</strong><br />
egreja, invejan<strong>do</strong> os thesouros <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ameaçam os po-<br />
<strong>de</strong>res <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s. A conscirncia revolta-se.<br />
O esta<strong>do</strong> cerca-se <strong>de</strong> garantias. A protecyõo juncta-se a inspecçáo<br />
siiprcma por parte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. a a segun<strong>da</strong> phasc <strong>da</strong>s religiões (10<br />
esta<strong>do</strong>, phase em que realmente esta itlPa toma certo vulto palpa-<br />
vcl, porquc 6 agora que o esta<strong>do</strong> tem uma religigo a que presi<strong>de</strong><br />
pelos seus magistra<strong>do</strong>s.<br />
Na Inglaterra, qiian<strong>do</strong> chegou este momcnto, levou-se o abs~ir<strong>do</strong><br />
as iiitimas consequencias, e como <strong>de</strong>positario dí. to<strong>da</strong>s as sobera-<br />
nias, o rei foi o chefe espiritual <strong>da</strong> cgre,ja anglicana; nos outros<br />
paizes, o sorites ficou em meio, e ningurm se atreveu a tocar<br />
ria ultima illação. Alli a idéa dc egrejn <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> 6 philosophica-<br />
mente falsa, como por to<strong>da</strong> a parte, mas positivamente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira;