28.08.2013 Views

Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...

Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...

Dos direitos da igreja e do Estado - Faculdade de Direito da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mesma idéa <strong>de</strong> se acautelar contra esses abusos se v6 bem distincta<br />

no $ 1 C <strong>do</strong> art. 75, on<strong>de</strong> se restabelece o beneplacito regio;<br />

e no 2.' on<strong>de</strong> expressamente se exara <strong>de</strong> novo o incontestavel<br />

direito <strong>de</strong> apresentação nos heneficios ecclesiasticos, <strong>de</strong> padroa<strong>do</strong><br />

real na egreja portugueza.<br />

E qiie n Carta tem si<strong>do</strong> sempre assim entendi<strong>da</strong>, prova-o o facto<br />

<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> ninguem ter posto em duvi<strong>da</strong> a obrigação que peza sobre<br />

o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>tar o clero, quan<strong>do</strong> nRo ha artigo nenhum nella que<br />

d'isso fale, e mui em contrario o art. 145, garantin<strong>do</strong> os succorros<br />

publicos, a instrucção primaria, a nobreza hereditaria e os collegios<br />

e universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, não garante a <strong>do</strong>tacão <strong>da</strong> egreja ; e, <strong>de</strong>claran<strong>do</strong> em<br />

seus paragraphos a obrigação que to<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong> concorrer para<br />

as <strong>de</strong>spezas publicas, comprehen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim os que seguirem outra<br />

religião, ao mesmo tempo assenta como principio fun<strong>da</strong>mental a<br />

egual<strong>da</strong><strong>de</strong> perante a lei.<br />

Não foi s6 portanto no legisla<strong>do</strong>r que influiram as velhas idkas :<br />

ellas tCm-se imposto ain<strong>da</strong> hoje sobre n6s, que acceitamos o peza<strong>do</strong><br />

e <strong>de</strong>sigual encargo <strong>da</strong> <strong>do</strong>tação <strong>do</strong> clero, sem que artigo algum<br />

<strong>da</strong> Carta expressamente o imponha, h excepção <strong>do</strong> artigo 6.',<br />

que é obscuro e se po<strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptar a qualquer opinião.<br />

Não nos <strong>de</strong>moremos mais um instante em dizel-o:-as theurias<br />

<strong>da</strong> protecçáo e inspecção suprema não esta0 hoje em vigor pela<br />

Carta ; não po<strong>de</strong>m estar; não <strong>de</strong>vem estar.<br />

Não estão em vigor pela Carta, porque o po<strong>de</strong>r real pela Carta<br />

não é o po<strong>de</strong>r immediato, o po<strong>de</strong>r real pleno e supremo, o summo<br />

imperio ; o rei não é o summo imperante, não 6 o Augusro <strong>do</strong>s<br />

aulicos escriptores <strong>do</strong> seculo xvi~r ;-ao rei, como <strong>de</strong>positario <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r, s6 lhe cabem as nttribuiç6es <strong>do</strong> artigo 74 ; como<br />

chefe <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r executivo, não lhe competem nem esses officios, nem<br />

esses pe<strong>da</strong>ntescos <strong>direitos</strong> <strong>de</strong> protector <strong>do</strong>s canones, <strong>de</strong>fensor e advoga<strong>do</strong><br />

<strong>da</strong> egreja, e peleja<strong>do</strong>r <strong>de</strong> heresias; pela Carta o po<strong>de</strong>r<br />

executivo s6 tcm as attribiiiçòes que ahi lhe vemos <strong>de</strong>scriptas e<br />

assipna<strong>da</strong>s no art. 75, e entre ellas niío se <strong>de</strong>scobre a heroica theoria<br />

<strong>de</strong> protecção e inspecção suprema.<br />

Niio po<strong>de</strong>m &ar em vigor pela Carta, porque a Carta garante<br />

a liher<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consciencin, o culto particular <strong>de</strong> outras religiões;<br />

dcixa aos proprios portii~uezcs, '-. sem consequencias algumas juridicas,<br />

o segiiircm outra religião differente <strong>da</strong> catholica, embora uma<br />

seita, acanha<strong>da</strong> no seu raciocinar, tenha pretendi<strong>do</strong> sustentar a<br />

-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!