Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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parte <strong>de</strong> antigas aspirações da maioria dos trabalhadores e jovens excluídos<br />
das conquistas alcançadas na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Porém esses conceitos,<br />
<strong>uma</strong> vez ressignificados, mascaram o seu caráter manipulatório, como bem<br />
<strong>de</strong>staca Dagnino:<br />
Em primeiro lugar, <strong>de</strong> novo, eles reduzem o significado coletivo da<br />
re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cidadania anteriormente empreendida pelos<br />
movimentos sociais a um entendimento estritamente individualista<br />
<strong>de</strong>ssa noção. Segundo, se estabelece <strong>uma</strong> integração individual ao<br />
mercado, como consumidor e como produtor. Esse parece ser o<br />
principio subjacente a um enorme numero <strong>de</strong> programas para ajudar<br />
as pessoas a ―adquirir cidadania‖, isto é, apren<strong>de</strong>r como iniciar<br />
microempresas, tornar-se qualificado para os poucos empregos ainda<br />
disponíveis, etc. Num contexto on<strong>de</strong> o Estado se isenta<br />
progressivamente <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> garantidor <strong>de</strong> direitos, o mercado é<br />
oferecido como <strong>uma</strong> instância substituta para a cidadania. [...] A<br />
cidadania é i<strong>de</strong>ntificada com e reduzida à solidarieda<strong>de</strong> para com os<br />
pobres, por sua vez, entendida no mais das vezes como mera<br />
carida<strong>de</strong> (DAGNINO, 2004, p. 106 - 107).<br />
De fato, no lugar do Estado provedor, a comunida<strong>de</strong> assume a<br />
mudança. O envolvimento manipulatório, por sua vez, aparece no discurso <strong>de</strong><br />
que é necessário fugir do conformismo, ―arregaçar as mangas‖ e ―partir para a<br />
luta‖. O indivíduo é chamado a integrar-se no mundo tomando para si a<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar sua contribuição para mudar o quadro <strong>de</strong> miséria<br />
reinante. Nesse sentido, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m Melo Neto e Froes, quanto às tarefas das<br />
comunida<strong>de</strong>s locais nessa nova re<strong>de</strong>finição da relação indivíduo-socieda<strong>de</strong> na<br />
perspectiva do empreen<strong>de</strong>dorismo social, afirmam que:<br />
A comunida<strong>de</strong> assume a mudança. É ela que protagoniza as<br />
verda<strong>de</strong>iras ações transformadoras. Para fazê-lo, a comunida<strong>de</strong><br />
organiza-se n<strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores sociais que são os<br />
verda<strong>de</strong>iros agentes <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo. A comunida<strong>de</strong><br />
é ao mesmo tempo protagonista e beneficiária <strong>de</strong>ssas ações, em<br />
especial as comunida<strong>de</strong>s menos privilegiadas. [...] Todo o processo<br />
<strong>de</strong> transformação é centrado na adoção e prática <strong>de</strong> estratégias e<br />
formas <strong>de</strong> ―empo<strong>de</strong>ramento‖ <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s-objeto das ações<br />
transformadoras. [...] O arcabouço institucional adotado é o do<br />
―empreen<strong>de</strong>dorismo social‖ e do ―<strong>de</strong>senvolvimento sustentável‖, on<strong>de</strong><br />
cidadãos tornam-se empreen<strong>de</strong>dores, comunida<strong>de</strong>s assumem a<br />
forma <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação e <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. Governo e<br />
empresas incorporam-se como ―parceiros‖ e não como gestores<br />
(MELO NETO: FROES, 2002, p.16- 17).