Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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formas transitórias <strong>de</strong> produção, cujos <strong>de</strong>sdobramentos são também<br />
agudos, no que diz respeito aos direitos do trabalho. Estes são<br />
<strong>de</strong>sregulamentados, são flexibilizados, <strong>de</strong> modo a dotar o capital <strong>de</strong><br />
instrumental necessário para a<strong>de</strong>quar-se à nova fase. Direitos e<br />
conquistas históricas dos trabalhadores são substituídos e eliminados<br />
do mundo da produção. Diminui-se ou mescla-se, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />
intensida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>spotismo taylorista, pela participação <strong>de</strong>ntro da<br />
or<strong>de</strong>m e do universo da empresa, pelo envolvimento manipulatório,<br />
próprio da sociabilida<strong>de</strong> contemporaneamente, pelo sistema produtor<br />
<strong>de</strong> mercadoria (ANTUNES, 2002, p.24).<br />
Cattani (1996), discutindo a metamorfose do trabalho na<br />
contemporaneida<strong>de</strong>, vem contribuir para este <strong>de</strong>bate quando afirma:<br />
A ativida<strong>de</strong> produtiva continua sendo um dos referenciais centrais na<br />
organização da socieda<strong>de</strong>, a forma estruturante das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e<br />
sociabilida<strong>de</strong>s. As mutações contemporâneas alteram, em<br />
profundida<strong>de</strong>, as formas <strong>de</strong> inserção na esfera produtiva, a divisão<br />
entre trabalho manual e intelectual. O tempo <strong>de</strong>dicado ao trabalho<br />
não é mais contínuo, os contratos e os coletivos fragilizam-se e<br />
fragmentam-se. A confrontação entre capital e trabalho per<strong>de</strong> niti<strong>de</strong>z.<br />
Essas e outras metamorfoses da socieda<strong>de</strong> pós-industrial reforçam,<br />
ainda mais, a importância do trabalho, mesmo quando ele é <strong>uma</strong><br />
referência negativa (como situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego). A sociologia do<br />
trabalho não po<strong>de</strong> ser colonizada pela economia ou anulada pelo<br />
enfoque liberal. Ela <strong>de</strong>ve recuperar seu potencial crítico e, ao analisar<br />
as situações <strong>de</strong> trabalho, revelar as novas formas <strong>de</strong> submissão, <strong>de</strong><br />
exploração e <strong>de</strong> alienação, que estão continuadas tanto nas<br />
pseudoformas <strong>de</strong> participação, como nas situações <strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong><br />
funcional e empregatícia (CATTANI, 1996, p.33).<br />
Essa perspectiva dos autores vai <strong>de</strong> encontro à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um mundo<br />
―naturalmente‖ instável, que, por força das circunstâncias, da conjuntura, dos<br />
novos tempos, resta rendição à lógica capitalista, sendo imperativo, portanto,<br />
que o indivíduo trabalhador se fortaleça para se adaptar. Agora a carreira<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada funcionário, <strong>de</strong> seu autogerenciamento. Como nada é certo,<br />
também não é certeza terminar um contrato e conseguir outro, daí a<br />
importância <strong>de</strong> <strong>uma</strong> autoestima elevada, para superar momentos <strong>de</strong> ausência<br />
<strong>de</strong> trabalhos, pois a noção <strong>de</strong> emprego está sendo re<strong>de</strong>finida. A força interior<br />
nesses novos tempos é exaltada: pensar para cima, pensar positivo, mesmo<br />
porque as pessoas querem estar perto <strong>de</strong> gente que faz, gente que ri diante<br />
das adversida<strong>de</strong>s.<br />
O empreen<strong>de</strong>dor é essa pessoa. Não pergunta o que a empresa<br />
po<strong>de</strong> fazer por ele, mas o que ele po<strong>de</strong> fazer pela empresa. O foco é no