Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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nefastos atribuídos à divisão do trabalho, não é este um meio <strong>de</strong><br />
preveni-los. A divisão do trabalho não muda <strong>de</strong> natureza se fazermos<br />
ser precedida por <strong>uma</strong> cultura geral. Sem dúvida, é bom que o<br />
trabalhador esteja em condições <strong>de</strong> se interessar pelas coisas da<br />
arte, da linguagem, etc.; mas nem por isso <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser ruim ele ser<br />
tratado todo dia como <strong>uma</strong> máquina. Aliás, quem não vê que essas<br />
duas existências são <strong>de</strong>masiadas opostas para serem conciliáveis e<br />
po<strong>de</strong>rem ser vividas pelo mesmo homem? Se nos acost<strong>uma</strong>mos com<br />
vastos horizontes, vastas vistas <strong>de</strong> conjunto, belas generalida<strong>de</strong>s,<br />
não nos <strong>de</strong>ixamos mais confinar, sem impaciência, nos limites<br />
estreitos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> tarefa especial. Portanto, tal remédio só tornaria a<br />
especialização inofensiva, tornando-a intolerável e, por conseguinte,<br />
mais ou menos impossível (DURKHEIM, 1999, p. 389).<br />
O ponto <strong>de</strong> vista individual e fragmentado do sociólogo embasa sua<br />
teoria sobre a ―divisão social do trabalho‖ quando discorre sobre solidarieda<strong>de</strong><br />
mecânica e solidarieda<strong>de</strong> orgânica. A primeira está presente nas socieda<strong>de</strong>s<br />
primitivas (embora também ocorra nas socieda<strong>de</strong>s mais complexas), e<br />
fundamenta-se nas semelhanças, diversa da solidarieda<strong>de</strong> orgânica, que está<br />
presente nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas mais complexas, consistindo na integração<br />
a partir da diferenciação, da especialização das funções. Assim, a divisão do<br />
trabalho nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas é fundada na solidarieda<strong>de</strong> orgânica que é<br />
vista como um fator <strong>de</strong> integração social. Cada um fazendo o seu papel.<br />
Com o <strong>de</strong>senvolvimento da divisão do trabalho, surge <strong>uma</strong> nova<br />
forma <strong>de</strong> relacionamento que necessita do outro, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>pendência mútua,<br />
da complementarida<strong>de</strong> que não existe na solidarieda<strong>de</strong> mecânica, na qual há o<br />
isolamento, o indivíduo não se pertence, ocorrendo <strong>uma</strong> homogeneida<strong>de</strong>. Mas,<br />
para que haja <strong>uma</strong> solidarieda<strong>de</strong> orgânica, é preciso que efetivamente ocorram<br />
regulamentações, pois a ausência <strong>de</strong> regras po<strong>de</strong> levar à anomia. O<br />
antagonismo entre capital e trabalho é explicado por ausência <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
harmonia relativa entre patrões e operário com ruptura da solidarieda<strong>de</strong><br />
orgânica, <strong>uma</strong> vez que houve <strong>uma</strong> <strong>de</strong>sintegração <strong>de</strong>ssa relação, dando lugar<br />
ao conflito.<br />
Retomando Hayek (1990), as instituições sociais foram criadas pelos<br />
homens naturalmente como <strong>uma</strong> árvore, sendo herdadas <strong>de</strong> gerações. Ele<br />
afirma a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer, assim como <strong>de</strong> transformar as<br />
instituições e a socieda<strong>de</strong>. Diante da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecermos a<br />
socieda<strong>de</strong>, resta apenas contemplar <strong>de</strong> forma passiva o <strong>de</strong>senrolar dos fatos,<br />
sem intervir, pois po<strong>de</strong>remos nos enganar com análises não muito fiéis da