Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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consciência universal que tanto po<strong>de</strong> disseminar o que ele chama <strong>de</strong> hélice da<br />
primeira mundialização: ciência, técnica, indústria e lucro, como po<strong>de</strong>m servir<br />
<strong>de</strong> condutor da segunda mundialização que é a internalização dos movimentos<br />
sociais e <strong>de</strong> sua mensagem <strong>de</strong> amor e solidarieda<strong>de</strong>,<br />
[...] dos microtecidos da socieda<strong>de</strong> civil emergem perspectivas <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> economia evi<strong>de</strong>ntemente herética para os economistas, a<br />
economia da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e da convivência. Foram-se<br />
multiplicando as iniciativas <strong>de</strong> indivíduos, associações ou<br />
cooperativas, para criar empregos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços, <strong>de</strong> auxílio para necessida<strong>de</strong>s pessoais, <strong>de</strong><br />
empregados em domicílio, <strong>de</strong> reinstalações <strong>de</strong> padarias, artesanais<br />
ou <strong>de</strong> exploração, nas populações. Desse modo, todos trabalham<br />
pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e pela regeneração em nossa civilização.<br />
Emerge, assim, <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> concreta e<br />
viva, <strong>de</strong> pessoa a pessoa, <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> indivíduos a pessoas, <strong>de</strong><br />
pessoas concretas a grupos. Uma solidarieda<strong>de</strong> que não <strong>de</strong>penda <strong>de</strong><br />
leis nem <strong>de</strong>cretos, que seja profundamente sentida. A solidarieda<strong>de</strong><br />
não se po<strong>de</strong> promulgar per se, mas po<strong>de</strong>m ser criadas condições <strong>de</strong><br />
possibilida<strong>de</strong> para libertar a força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> juntas pessoas e<br />
favorecer as ações <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. Moralizar, conviver, ressurgir:<br />
em torno <strong>de</strong>sses três verbos se estruturam os possíveis<br />
<strong>de</strong>senvolvimentos da solidarieda<strong>de</strong> e da pertença a um <strong>de</strong>stino<br />
comum (MORIN, 2007, p. 86).<br />
Morin não se refere em nenhum momento ao sistema capitalista<br />
injusto, <strong>de</strong>sigual, que concentra a proprieda<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> produção nas<br />
mãos <strong>de</strong> poucos, <strong>de</strong>ixando a maioria à <strong>de</strong>riva. A transformação da<br />
sociabilida<strong>de</strong> capitalista, no nosso enten<strong>de</strong>r, não passa pela união fraterna <strong>de</strong><br />
todos, mas pela maioria que está excluída dos meios <strong>de</strong> produção. Dagnino<br />
ressalta que essas instituições têm vínculo estreitos com o pensamente<br />
neoliberal e, como efeito, as exigências dos ajustes estruturais do capitalismo.<br />
Com suas palavras:<br />
[...] com o crescente abandono <strong>de</strong> vínculos orgânicos com os<br />
movimentos sociais que as caracterizava em períodos anteriores, a<br />
autonomização políticas das ONG cria <strong>uma</strong> situação peculiar on<strong>de</strong><br />
essas organizações são responsáveis perante as agencias<br />
internacionais que as financiam e o Estado que as contrata como<br />
prestadoras <strong>de</strong> serviços, mas não perante a socieda<strong>de</strong> civil, da qual<br />
se intitulam representantes, nem tampouco perante os setores sociais<br />
<strong>de</strong> cujos interesses são portadoras, ou perante qualquer outra<br />
instância <strong>de</strong> caráter propriamente público. Por mais bem intencionas<br />
que sejam, sua atuação traduz fundamentalmente os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> suas<br />
equipes diretivas (DAGNINO, 2004, p.101).