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Fundamentos, princípios e objetivos de uma política de ... - Uece

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95<br />

Contrária a essa pedagogia das competências, Kuenzer (2007)<br />

compreen<strong>de</strong> que a educação cumpre <strong>de</strong>terminadas funções no mundo da<br />

produção, estando a escola responsável pela elaboração <strong>de</strong> propostas a partir<br />

das exigências <strong>de</strong> <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes. A história do ensino no Brasil<br />

não conseguiu romper com a dualida<strong>de</strong> entre ensino propedêutico e a<br />

formação profissional, apesar <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s tentativas <strong>de</strong> integração, sem<br />

sucesso, pois, no final, a lógica da divisão social e técnica do trabalho<br />

permaneceu a mesma: educação profissional para os trabalhadores e<br />

educação científica para os filhos das classes abastadas.<br />

autora:<br />

O paradoxo acontece na contextualida<strong>de</strong> quando, nas palavras da<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico, quando mais avança,<br />

mais introduz <strong>uma</strong> contradição na relação entre educação do<br />

trabalhador e processo produtivo: quanto mais se simplificam as<br />

ativida<strong>de</strong>s práticas no fazer, mais complexas se tornam no<br />

gerenciamento e na manutenção, em <strong>de</strong>corrência do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico que encerram. Ou seja, o trabalho mais se<br />

simplifica enquanto mais se torna complexa a ciência; como<br />

<strong>de</strong>corrência, a se exigir menos qualificação do trabalhador, mais ele<br />

se distancia da compreensão e do domínio das tarefas que executa<br />

(KUENZER, 2007, p. 35).<br />

Por outro lado, o capital está exigindo um homem ―capaz <strong>de</strong> atuar na<br />

prática, trabalhar tecnicamente e ao mesmo tempo intelectualmente‖ (i<strong>de</strong>m, p.<br />

36). O trabalhador tradicional que fazia uso das mãos e da força <strong>de</strong> trabalho<br />

está sendo <strong>de</strong>scartado. Caso queira permanecer no mercado, <strong>de</strong>ve se<br />

apropriar <strong>de</strong>sse conhecimento e adquirir novas competências. Daí, para autora,<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ensino que unifique ―a função intelectual da função<br />

técnica‖. Assim, na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um ensino unitário, a autora advoga:<br />

Neste sentido, a escola que se tem hoje já não serve sequer aos<br />

interesses do capitalismo, que busca superar concretamente as<br />

dificulda<strong>de</strong>s que a aplicação rigorosa da divisão técnica do trabalho<br />

impõe ao seu <strong>de</strong>senvolvimento. Hoje, para o capital, ―o gorila<br />

amestrado‖ não tem função a <strong>de</strong>sempenhar. O capital precisa, para<br />

se ampliar, <strong>de</strong> trabalhadores capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar sua parte no<br />

acordo social imposto pelas relações <strong>de</strong> trabalho, pelo cumprimento<br />

dos seus <strong>de</strong>veres e ao mesmo tempo capazes <strong>de</strong> incorporar as<br />

mudanças tecnológicas, sem causar estrangulamento à produção.<br />

Para tanto, a mera educação profissional já não é suficiente. Por isso,<br />

o próprio capital reconhece que os trabalhadores em geral precisam

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