Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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aspectos mais expressivos da ofensiva do capital contra o trabalho: a<br />
retórica do ―pleno emprego‖ "dos anos dourados‖ foi substituída, no<br />
discurso dos <strong>de</strong>fensores do capital, pela <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> formas precárias<br />
<strong>de</strong> emprego (sem quaisquer garantias sociais) e do emprego em<br />
tempo parcial (também freqüentemente sem garantias), que obriga o<br />
trabalhador a buscar o seu sustento, simultaneamente, em várias<br />
ocupações. [...] seus porta-vozes vêm afirmando que a ―flexiblização‖<br />
ou a ―<strong>de</strong>sregulamentação‘ das relações <strong>de</strong> trabalho (isto é, a redução<br />
ou mesmo a supressão <strong>de</strong> garantias <strong>de</strong> trabalho) ampliaria as<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego. [...] argumentação largamente<br />
<strong>de</strong>smentida pelos fatos: também todos os países on<strong>de</strong> o trabalho<br />
foi flexibilizado isso ocorreu juntamente com o crescimento do<br />
<strong>de</strong>semprego (NETTO; BRAZ, 2006, p. 218 - 219, grifos dos autores).<br />
Então fica evi<strong>de</strong>nte que a reestruturação produtiva não é para servir<br />
aos trabalhadores e sim ao capital. Stewart (1998) enquanto intelectual<br />
orgânico da classe capitalista, vem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a maravilha do capitalismo<br />
monopolista, que, inclusive, coloca em cheque outros pequenos capitalistas e<br />
exalta o empreen<strong>de</strong>dorismo dos mais fortes. No seu discurso i<strong>de</strong>ológico, afirma<br />
o quanto esse sistema tem promovido a riqueza para todos (os clientes e a<br />
socieda<strong>de</strong>), mesmo que seja necessário o <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong><br />
trabalhadores qualificados ou não qualificados. Esse fato é <strong>de</strong>smentido por<br />
Netto e Braz:<br />
... o mais significativo é o fato <strong>de</strong> o capitalismo contemporâneo ter<br />
transformado o <strong>de</strong>semprego maciço em fenômeno permanente – se,<br />
nos seus estágios anteriores, o <strong>de</strong>semprego oscilava entre ―taxas<br />
aceitáveis‖ e taxas muito altas, agora todas as indicações asseguram<br />
que a crescente enormida<strong>de</strong> do exercito industrial <strong>de</strong> reserva torna-se<br />
irreversível. Nem mesmo os i<strong>de</strong>ólogos da burguesia escamoteiam<br />
esse fenômeno – tratam <strong>de</strong> naturalizá-lo, como se não houvesse<br />
outra alternativa que a <strong>de</strong> conviver com ele ((2006, p. 220, Grifos dos<br />
autores).<br />
Naturalizam a exploração, a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e a exclusão como algo<br />
inevitável. Naturalizam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conter custos com contratação <strong>de</strong><br />
mão <strong>de</strong> obra, objetivando retomar o ciclo <strong>de</strong> acumulação que antece<strong>de</strong>u a crise<br />
estrutural do capital. Finalmente, no campo i<strong>de</strong>ológico, escamoteiam a<br />
intensificação da crise capitalista, apresentando <strong>uma</strong> nova socieda<strong>de</strong> na qual o<br />
<strong>de</strong>semprego estrutural é justificado pela ausência das diferentes competências.<br />
Neste contexto, os meios <strong>de</strong> produção mais relevantes passam a ser os<br />
imateriais, intangíveis exigindo novas relações <strong>de</strong> trabalho, afetando carreiras<br />
e, com isso, justificando o <strong>de</strong>semprego e anunciando o fim das antigas